Folha de S. Paulo


Cidade mais antiga das Américas comemora aniversário de sua descoberta com festivais

A cidade de Caral, no Peru, considerada a mais antiga das Américas, comemora o 19º aniversário de sua descoberta com novos achados sobre sua planta urbana, ao mesmo tempo em que avançam os estudos que assinalam que a mudança climática acabou com esta civilização de mais de 5.000 anos.

Situada em uma área desértica ao norte de Lima, entre o vale banhado pelo rio Supe e o litoral do país, o sítio arqueológico, foi declarado pela Unesco como patrimônio mundial em 2009.

Por ocasião desta comemoração, durante este fim de semana serão realizadas diversas atividades que começaram ontem (dia 8) com a inauguração do Museu Comunitário de Supe e com a cerimônia de culto à Pachamama (Mãe Terra) em Caral, que estará toda iluminada.

Ministério de Cultura Peru/AFP
Sítio arqueológico em Caral, cidade considerada a mais antiga das Américas
Sítio arqueológico em Caral, cidade considerada a mais antiga das Américas

Hoje (dia 9) vai acontecer o "Catu Caralino", feira de produtos agroecológicos e artesanais dos habitantes das províncias de Barranca e Huaura, e o festival gastronômico "Sabor da Minha Terra". Será realizado também o festival artístico cultural ou "Runa Raymi".

Ao se completar 19 anos desde que pesquisas revelaram os restos desta civilização, que foi contemporânea da egípcia e da suméria, a chefe da zona arqueológica Caral, Ruth Shady, explicou que foi descoberto um caminho, denominado "Rua da Integração Social" --liga a área central da cidade com um setor da periferia.

A área central de Caral é o principal setor da cidade onde ficavam os prédios públicos de mais destaque e as casas da elite, enquanto na periferia ficavam as casas menores desta civilização.

Nesse setor da periferia é onde este ano foi descoberto um prédio público, de menores dimensões, e uma rua que o conecta com a área central, o que segundo Shady demonstra que ambas as áreas "estiveram em conexão e participando do mesmo sistema social e cultural".

A arqueóloga explicou que atualmente estão trabalhando em 11 assentamentos, o que evidencia que esta civilização teve "grande prestígio e o manteve por mais de mil anos até que entrou em crise devido a uma "forte mudança climática".

Além de promover o conhecimento desta civilização, atualmente também são realizadas oficinas para fomentar o desenvolvimento das povoações que vivem no entorno dos sítios arqueológicos.

Apesar de a cada ano aumentar o número de turistas, Shady lamentou que ainda não seja dado o valor que se merece a Caral, que de janeiro de 2003 até agosto deste ano recebeu 428.333 visitantes.


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