Folha de S. Paulo


Rusticidade ainda permeia praias e vilarejos do norte da Paraíba

A pousada está com as luzes acesas. Nem precisa tocar a campainha, porque a entrada encontra-se escancarada. Só que não aparece uma única alma para atender.

Ao lado, o vizinho dá uma espiada. Logo confere: sim, trata-se de um hóspede. Chama um funcionário, que aparece todo apressado, sorrisão estampado no rosto como se pedisse desculpas. Bem-vindo à Barra de Camaratuba.

Vilinha rústica de pescadores, Barra é a primeira praia com estrutura do lado paraibano, quase na fronteira com o Rio Grande do Norte.

Roberto de Oliveira/Folhapress
Maré seca na Barra de Camaratuba, vila de pescadores a cerca de 100 km de João Pessoa
Maré seca na Barra de Camaratuba, vila de pescadores a cerca de 100 km de João Pessoa

Fica a cerca de 100 km da capital João Pessoa.

Para chegar até lá, segue-se pela BR-101 em direção à terra potiguar. Você irá avistar uma placa indicando: Mataraca. Entre à direita e siga até o pequeno município.

Rode mais 10 km de terra. Cruze uma área rodeada daqueles "ventiladores" gigantes de energia eólica. Pronto!

A cena inusitada na pousada faz parte do "pacote de bênçãos" do litoral norte paraibano, território que ainda preserva um ar primitivo em contraste com o badalado litoral sul do Estado.

No segundo dia em Barra de Camaratuba, é bem provável que os nativos estejam chamando você pelo nome.

Hoje, já há pousadas, digamos, mais confortáveis. Mas os restaurantes são bem simples, muitos deles instalados nas garagens de casas. Se o cartão de crédito não "passou", relaxe. Diga onde está hospedado e volte no dia seguinte para acertar a conta.

ONDA, ALDEIA E LAGOAS

Extensa e desabitada, a praia reforça o cenário de tranquilidade encontrado no bucólico vilarejo, onde vivem cerca de mil moradores.

Mas Barra de Camaratuba também "bomba". Especialmente quando recebe campeonatos de surfe.

Se você não curte onda, dá para aproveitar as águas calmas nas prainhas que se formam na foz do rio, cartão-postal da região.

Uma dica é atravessá-lo de balsa e visitar lá no fundo a aldeia dos índios potiguares e suas lagoas, na reserva do município de Baía da Traição, próxima parada da viagem.

Lá, uma simpática pousada, a Chez Roni, de um francês casado com uma brasileira, de preços honestos e hospitaleira, bem de frente para o mar, pode servir de base para você explorar
toda a região.

A prainha do lado direito do centro é boa para banho, especialmente na maré baixa. Bem diferente de Camaratuba, Baía da Traição é uma cidade com uma orla apinhada de casas de veraneio, grande parte delas destruída pela invasão constante da maré.

Siga 11 km por uma estrada de terra, cruze mais um rio pelo caminho e chegará à estação do Projeto Peixe-Boi, na Barra de Mamanguape, uma área de proteção ambiental, onde o projeto pretende oferecer oficinas de educação ambiental e atividades de pesquisa sobre a espécie, que habita a região.

No caminho de volta à BR- 101, pare ao menos para se refrescar com um suco de pitanga na simpática e arborizada Rio Tinto. Passe batido pela agitada Mamanguape e siga em frente, sentido João Pessoa, onde também há muito o que fazer.


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