Folha de S. Paulo


Rafting no Jalapão proporciona overdose de adrenalina com cenários variados

Se o roteiro no Jalapão incluir o rafting pelas correntezas incertas do rio Novo, a viagem ganha uma overdose de adrenalina, suavizada pela contemplação da natureza.

Uma aulinha introdutória coloca os visitantes nos eixos, ao ensinar como se virar dentro de botes e a lidar com possíveis intempéries. Mentalize o mantra: remar, segurar e sentar dentro do bote, não necessariamente nessa ordem.

A partir do momento em que a mente se acomoda com essa, digamos, "rotina", a alma se "liberta". Logo, vaga por paisagens intocadas que a cada momento adquirem cores, formas, cheiros. Como desertos e chapadas, matas de transição que passeiam do cerrado à caatinga.

Nascentes e rios são limpíssimos. Nestes últimos, você irá se hidratar e tomar banho.

Os botes descem. Acampamentos são montados às margens dos rios, em praias virgens, de areia fina, cercadas por um visual intocado --não se preocupe, um bote cargueiro transporta barracas, sua bagagem (leve pouca roupa) e mantimentos do grupo.

O "despertador" é algazarra promovida por araras-azuis. Flagram-se tamanduás dando pinta pelos vales, incólumes aos invasores.

Quem regula o tempo por lá é o fluxo das águas. Sinais para se recolher virão de cima, um gigantesco painel cravejado de estrelas. (Será que fui abduzido ou de fato a Terra ali está mais próxima do céu?).

A correnteza do rio ganha força. Inexplicavelmente, você também. No terceiro dia, nem se recordará mais que remou por cinco horas seguidas.

Aquele festival de cores no céu, refletido na água, e os tons de terra, ora alaranjado, ora avermelhado, suavizam qualquer sacrifício.

Se é que se pode chamar de "sacrifício" a experiência de descortinar um dos pedacinhos menos explorados de um planeta chamado Brasil.

Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress

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