Folha de S. Paulo


Lista com dez dicas alerta turistas sobre as "roubadas" no Brasil

O correspondente na América Latina do jornal inglês The Guardian, Jonathan Watts, preparou uma lista com dez dicas para os britânicos que vão viajar para o Brasil na Copa do Mundo.

Algumas fazem piadas com absurdos brasileiros, como o grande aumento dos preços de passagens de avião, quando compradas de última hora.

Outras dicas ensinam aos turistas atitudes que podem lhes ajudar a não serem explorados no país, o que, segundo Watts, "não dá para evitar".

Ficar em favelas e encher os pratos de arroz e feijão nos restaurantes a quilo são também alguns dos conselhos do correspondente.

As dez dicas são:

1. Onde ficar e achar hotéis com bons preços no Rio

Para estar perto do time inglês (caso ele se qualifique), fique na armadilha para turistas chamada Copacabana. Para bairros mais luxuosos, siga até a praia de Ipanema ou Leblon. Se bairros boêmios e bares e bistrôs taciturnos são seu estilo, talvez você fique melhor num hotel charmoso em Santa Teresa. Mas para as melhores vistas pelo melhor preço e uma parte mais vibrante da vida carioca, encontre um hotel na favela do Vidigal ou Tavares Bastos.

2. Como circular

Reserve cedo ou seja punido. Voos domésticos são absurdamente caros no Brasil. Deixe para o último minuto e o preço de um pulo de meia hora do Rio a São Paulo pode aumentar em até quatro vezes. O mesmo vale para destinos mais exóticos no interior. A alternativa -se você tem tempo para viajar ao estilo dos nativos- é usar ônibus em longas distâncias. Na Amazônia, barcos são a melhor opção. Mantenha os olhos abertos para golfinhos no caminho do rio.

3. O que fazer entre as partidas

No Rio, a trilha do turista em geral começa nos pontos turísticos lotados: Cristo Redentor, Pão de Açúcar e nos bares e praia de Copacabana. Para uma mudança de ritmo e cenários esplêndidos, tente viagens de fim de semana ou alguns dias em Búzios, Paraty ou Petrópolis. São Paulo é menos atraente porém pode ser um ninho temporário para os amantes da cultura. Para iniciantes, tente as Cataratas do Iguaçu na fronteira com a Argentina; os cânions do Itaimbezinho em Santa Catarina; a maior planície alagada do mundo no Pantanal; as praias, desertos e comida da Bahia; e, é claro, a Amazônia.

4. O que comer

Os pratos mais comuns são arroz, feijão e mandioca, o que significa que os vegetarianos nunca passarão fome, embora precisem procurar por algo além disso. Brasil é a terra do cerrado e da carne vermelha. Para um banquete, vá a uma churrascaria. Paladares mais ousados podem experimentar a comida baiana -com raízes africanas- como bobó de camarão, badejo e vatapá. Em São Paulo -com a maior comunidade japonesa fora do Japão- o sushi e o udon são excelentes. Para um lanche na rua, tente coração de galinha ou milho na espiga.

5. Como dizer que "as Ilhas Malvinas devem continuar britânicas para sempre" em português

Essa é uma frase para conseguir alguns inimigos entre a Grã-Bretanha e a América Latina (embora a Argentina seja candidata ao país menos popular na região). Seria mais diplomático dizer "Não vamos falar sobre as Malvinas".

6. Explorações para evitar

Não há como evitar ser explorado no Brasil, onde a relação entre qualidade e preço parece ser um conceito alienígena. Para esticar seu orçamento ao máximo, fique, coma e beba dentro ou perto de uma favela pacificada, circule de ônibus ou metrô e encha o prato de arroz e feijão nos restaurantes a quilo, onde você paga pelo peso. Mais importante, turistas devem evitar itens enganadores com pouco ou nenhum uso, como a caxirola.

7. O que cantar

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa no doce balanço a caminho do mar" não é a coisa mais moderna agora. A musa de talvez a mais durável das exportações brasileiras está prestes a completar 70 anos, então é hora de atualizar o repertório. Criolo, Tulipa Ruiz ou Bixiga70 transformam os hinos de futebol em batidas de samba.

8. Como ter uma boa imagem na praia

Gaste pelo menos um ano no seu físico e um mês no seu bronzeado antes de chegar. Aí então ponha shorts de surf ou um biquíni, calce sandálias Havaianas, compre os óculos de sol mais superfaturados que você puder achar e vá para o Posto 9, em Ipanema. Ou vá contra a corrente amarrando as pontas do seu lenço em sua cabeça enquanto sua barriga fica rosa.

9. O que evitar

O Rio de Janeiro é uma cidade mais segura do que há uma década, graças ao programa de pacificação e à enxurrada de zonas turísticas com policiamento. Mas aonde quer que você vá no Brasil, esteja bem cauteloso de qualquer rua quieta e escura e preste muita atenção aos seus pertences. É melhor evitar áreas ainda não pacificadas, a não ser que você tenha um guia ou bons amigos no Comando Vermelho.

10. O que tocar na ausência da vuvuzela

Se você sentir um impulso de fazer barulho, compre uma caxirola e torne-se barulhento, mas não espere ter permissão para levar sua nova compra a um estádio. Embora esteja entre os produtos licenciados da Fifa, todo o mundo do futebol os baniu das partidas, após várias caxirolas terem sido arremessadas no campo em um evento teste.


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