Folha de S. Paulo


Papa cresceu jogando bola em praça do bairro de Flores

O bairro de Flores, onde o papa Francisco nasceu e cresceu, é hoje um típico bairro portenho de classe média.

Ruas arborizadas, casas com balcão e o pequeno comércio tocado pelos mesmos donos há tempos. "Verdulerias" com vendedores bolivianos, quiosques de jornais, ônibus barulhentos que interrompem o diálogo dos moradores, que tomam café nos bares em que os diários passam de mãos em mãos.

Originalmente, Flores era uma área rural de Buenos Aires, com casas de campo de famílias tradicionais, algumas hoje incorporadas ao casario mais recente.

Sua variedade arquitetônica é muito grande, e a basílica de San José de Flores é o edifício principal do centro comercial do bairro.

Outro habitante ilustre de Flores foi o escritor Roberto Arlt (1900-1942), que imortalizou a vida da cidade de Buenos Aires em sua época em "Água-fortes Portenhas" e outros textos.

Juan Mabromata/AFP
Interior da basílica San José de Flores, que fica no bairro onde Jorge Mario Bergoglio cresceu
Interior da basílica San José de Flores, que fica no bairro onde Jorge Mario Bergoglio cresceu

TORCEDOR Nº 88.235
Bergoglio nasceu na calle Membrillar, no número 531, muito perto da Plazoleta Brumana, onde costumava jogar futebol com seu irmão.

Esse esporte desde pequeno o atraiu, e até hoje é um torcedor fiel do San Lorenzo, clube localizado numa área conhecida como Bajo Flores.

As cores azul e vermelha de sua cintilante camiseta reluzem em Flores, com os meninos jogando futebol pelas esquinas vestindo o uniforme do time.

Fundado em 1908, o San Lorenzo é o quinto maior vencedor do campeonato argentino, Com 14 títulos nacionais, fica atrás de River Plate, Boca Juniors, Independiente e Racing.

O papa é o torcedor número 88.235 do clube. Em maio de 2011, celebrou uma missa na igreja María Auxiliadora, próxima ao estádio, quando comentou as cores do clube, inspiradas no ícone religioso.

Mas era na região mais central de Buenos Aires que a atividade do atual papa se concentrava. Vivia no número 415 da avenida Rivadavia, sede do arcebispado de Buenos Aires.

Costumava tomar a linha A do metrô, na praça de Maio, para se deslocar até uma de suas paróquias.

MAIS BUENOS AIRES

Se até outro dia os turistas fixavam-se apenas na Casa Rosada e no Cabildo, agora as atenções já estão mais voltadas à Catedral Metropolitana, onde ele rezava as missas.

Desde a última quarta, o lugar, coberto de bandeiras celeste e branca (Argentina) e amarela e branca (Vaticano), é foco central de atenção dos turistas. Vendedores de camisetas, arranjos de flores e suvenires já se instalaram do lado de fora da igreja.

Os vagões da linha A em que viajava Bergoglio, porém, não poderão ser visitados. Os trens históricos, alguns remontando aos anos 20, foram substituídos por modernos trens chineses.

A decisão causou grande repercussão negativa. A ONG Basta de Demoler denunciou que os vagões estavam apodrecendo num depósito a céu aberto da prefeitura. Enquanto isso, peças tem sido encontradas para vender no site Mercadolibre.

PROFESSOR
Outros pontos do centro da cidade frequentados por Bergoglio foram o Colégio Del Salvador, em que foi professor de literatura e psicologia, e o Hospital de Niños Ricardo Gutierrez, onde visitava crianças doentes.

Além da Catedral Metropolitana, outras igrejas estavam no roteiro do hoje papa. Uma delas é a Nossa Senhora dos Imigrantes, na Boca, em que Bergoglio se reunia com integrantes da cooperativa La Alameda e o Movimento dos Trabalhadores Excluídos.

É uma igreja de arquitetura moderna, localizada numa avenida do bairro.
(SYLVIA COLOMBO)


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