Folha de S. Paulo


Entenda as diferenças entre as práticas de beach soccer e de futebol de areia

Enquanto a seleção brasileira de beach soccer foi campeã do mundo 13 vezes, a de futebol da areia não tem esse título --porque o campeonato mundial não existe. No primeiro, joga-se numa areia mais fofa, num campo de 27m x 35m e o time é formado por cinco jogadores; no segundo, o solo é mais duro, o campo mede 30m x 42 m e as equipes são formadas por seis atletas.

Essas são algumas diferenças entre beach soccer e futebol de areia, tipos que são normalmente confundidos, mas que têm regras, campeonatos, confederações e realidades distintas. "Essa confusão nos prejudica muito, pois tira a nossa personalidade", afirma Nereu Maidana, presidente da CBFA (Confederação Brasileiro de Futebol de Areia). "Não há rivalidade com o beach soccer, mas queremos seguir o nosso caminho, e com a denominação correta."

O incômodo é grande a ponto de a CBFA notificar judicialmente uma emissora de TV para que parasse de usar o termo "futebol de areia" nos torneios que transmite --os jogos que mostra são de beach soccer. Ainda não houve decisão sobre isso.

No beach soccer, o Brasil tem um retrospecto excelente: ganhou 95,9% dos jogos que disputou, tem média de 7,47 gols marcados por jogo e, em 19 anos de disputa em torneios oficiais, ganhou 66 títulos. O futebol de areia, com rara cobertura da mídia (o que não incentiva grandes investimentos de empresas), há dois anos não consegue realizar um torneio nacional.

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O futebol de areia veio primeiro, em 1989, com o surgimento do Circuito Bolamar, torneio que reuniu atletas profissionais e amadores que já jogavam outros tipos de futebol no Rio Grande do Sul. "Com a repercussão do evento, surgiram jogadores que se fixaram na modalidade", conta Maidana.

O beach soccer veio em 1993, num torneio-exibição organizado pela TV Globo e pela produtora de eventos esportivos Koch Tavares. No evento, participaram ex-jogadores do futebol de campo, como o lateral-esquerdo Junior e os atacantes Claudio Adão e Zico. "Com o sucesso do jogo, diversos torneios surgiram, e o interesse pelo beach soccer foi crescendo", conta Samy Vaisman, diretor da CBBS (Confederação Brasileira de Beach Soccer). Vaisman também diz que não há nenhuma inimizade com o futebol de areia.

Ambos, desde o início, montaram campeonatos de seleções dos Estados. O beach soccer teve este ano, pela primeira vez, um campeonato de clubes, vencido pelo Corinthians-SP.

Em 2005, a Fifa reconheceu o beach soccer como modalidade oficial de futebol, passando a organizar desde então a Copa do Mundo de Beach Soccer -- anual de 2005 até 2009, passou a ser a cada dois anos a partir daquele ano. O futebol de areia não pretende lutar por esse reconhecimento. Maidana afirma que a CBFA está se unindo a federações de futebol de areia de países da Europa e da América do Sul com a intenção de montar um órgão próprio.

Enquanto isso, o futebol de areia brasileiro manté m o Circuito Bolamar, que ganhou edições em 15 Estados e é a principal competição da modalidade. Há o projeto de se fazer a Copa das Capitais, com as seleções de capitais brasileiras. "E ainda não desistimos de revitalizar o campeonato nacional tradicional, disputado entre os campeões estaduais. Vamos conseguir", diz Maidana. (LEANDRO VIEIRA)

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Este texto faz parte do especial "Brasil - Terra do Futebol", projeto final da 55ª turma do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, que tem patrocínio da Odebrecht, da Philip Morris e da Ambev


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