Folha de S. Paulo


opinião

O líder do futuro diante do consumidor

Inúmeras pesquisas indicam que há um novo caminho e mesmo a olho nu se pode ver: o consumidor se transformou e está moldando uma sociedade mais participativa. É tempo de responder a esses anseios legítimos.

O consumidor quer comprar mais que a qualidade dos nossos produtos. Quer saber de onde vêm, o impacto e os benefícios para a comunidade. Quer marcas protagonistas do bem-estar coletivo. É o consumidor-cidadão entrando em cena.

Como líder, reflito sobre esse desafio não só para o pensamento individual, mas para o coletivo da empresa. Primeira questão: como gerar transformação de escala e sustentável que abrace essas mudanças? Não é suficiente financiar boas iniciativas econômicas ou sociais, que somam na periferia mas não impactam o DNA da empresa.

O papel do novo líder é conseguir inserir no negócio as competências para a transformação e colocá-las a serviço de objetivos ambiciosos. Na Coca-Cola Brasil, por exemplo, somos o maior comprador de frutas do país, chegamos a 1 milhão de pontos de vendas e falamos com múltiplos públicos.

Imaginem: se incluirmos desde o começo vantagens competitivas, a possibilidade de mudanças sociais relevantes será maior.

Uma segunda reflexão é como construir não só a ideia, mas o debate. O novo mundo pede um diálogo mais complexo que o habitual. Envolve falar com quem concorda, mas também com quem desafia nossos pontos de vista. Para o novo líder, o erro pode ser mais aceito que a falta de transparência. Sociedade saudável é aquela bem informada —e devemos nos abrir ao diálogo, já que é o melhor para nossos negócios.

Outra pergunta constante: como ser mais efetivo para ter a velocidade de execução necessária e ao mesmo tempo minimizar riscos? Simples, saindo de nossa caixa e nos somando a outras forças.

O novo líder tem que abraçar a coordenação entre setores.

Vejam a experiência no Amazonas, onde, graças à união de comunidades, empresas, governos e organizações, há um avanço real no desenvolvimento econômico, social e ambiental. Impensável fazer sozinhos. Ouvir com empatia, debater com paixão e construir parcerias sinceras deverão fazer parte de atitudes e valores.

Por fim, o cidadão espera ouvir as vozes de quem está por trás das instituições. As empresas são feitas de pessoas, e a sociedade quer vê-las e senti-las.


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