Folha de S. Paulo


Conheça cinco jovens criativos de grandes agências

Pedimos a líderes de grandes agências do país para indicar dois jovens talentos da criação publicitária. O primeiro deveria ser alguém de seu escritório; o segundo, um profissional de fora da casa. O cruzamento dessas indicações resultou na lista a seguir.

Conheça cinco jovens criativos de grandes agências
Pequenas agências conquistam grandes clientes e crescem rápido

Para ser considerado bom por eles, pesam qualidades como o domínio do on-line e do off-line e o traquejo para apresentar ideias ao cliente.

CAIO MATTOSO
DM9DDB

Na primeira vez em que foi apresentar sua pasta em uma agência de publicidade, Caio Mattoso, 28, escutou: "Rapaz, aqui nós jogamos futebol, você está jogando basquete". Mas o autor da frase lançou um desafio e pediu que ele voltasse com novas ideias. Meses depois, Caio apareceu com mil folhas nas mãos e abocanhou um estágio.

O redator da DM9DDB tem passagens pela DDB de Londres e pela Young & Rubicam. Fora da agência, faz parte do coletivo Don't Try This, "um laboratório de ideias", e frequenta encontros de empreendedorismo.

"Tenho um olhar estratégico e no futuro me imagino como dono de alguma coisa, mas não de uma agência no formato tradicional." Por enquanto, quer continuar a criar ao lado do dupla Rodrigo Mendes, com quem trabalha desde 2008.

Christian von Ameln/Folhapress

ILKA MOURÃO
ALMAPBBDO

Carioca radicada em Brasília, Ilka Mourão, 29, veio de mala e cuia para São Paulo sem nenhuma perspectiva de emprego.

Formada em publicidade na capital federal, já havia trabalhado com fotografia e na agência Lew'Lara local. Depois da mudança, conseguiu um estágio na sede paulista e,
em menos de uma semana, recebeu convite para ser assistente de arte.

Em uma das agências que visitou, chegou a escutar que seu trabalho era bom, mas que o diretor não tinha o hábito de contratar mulheres porque elas
choravam demais.

Ela voltou para casa chorando, mas hoje é uma das raras mulheres na área de criação. Com passagem pela Africa antes de se tornar diretora de arte da AlmapBBDO, ganhou fama pela habilidade na área digital.

Ela tem um projeto paralelo de criação de aplicativos e vai lançar seu segundo livro infantil. "Meu sonho é ser diretora de criação desta agência [Almap]", diz a fã dos trabalhos do artista gráfico Herb Lubalin.

Christian von Ameln/Folhapress

PEDRO CAVALCANTI
ALMAPBBDO

Quando trabalhava na agência Mohallem/Artplan, em 2010, Pedro Cavalcanti, 29, não reclamava de ir para o trabalho de ônibus.

Usava o tempo que ficava preso no trânsito para ouvir as conversas dos companheiros de viagem e prestava atenção no modo como as pessoas se comportavam.

"Para mim, o segredo da carreira está aí. O criativo precisa sair da bolha, falar com todo tipo de gente, estar na rua", diz.

Filho de um engenheiro e de uma professora de literatura, ele sempre soube que seria redator. Mas, como também gosta do mundo dos negócios, se vê dono de uma agência com seu nome.

Graduado na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), já passou, além da Mohallem e da atual AlmapBBDO, pela Lew'Lara\TBWA e pelo Grupo 4D. Também ficou seis meses em uma pequena agência dos EUA. Músico nas horas vagas –toca violão e flauta transversal–, Pedro gosta de criar para o rádio.

"Como não tem imagem, ele é um solo do redator", diz.

Christian von Ameln/Folhapress

HUGO VEIGA
OGILVY

O jeito de falar denuncia. Hugo Veiga, 32, não é apenas português, mas um criativo do tipo ligado no 220V. "Jovem talento" ele é desde o início da carreira. Aos 21 anos, em Lisboa, ganhou um concurso do ministério da Agricultura que convocava publicitários a produzir anúncios sobre o fim do mal da vaca louca.

Em 2004, venceu um festival de publicidade em língua portuguesa e como prêmio passou a estagiar na Ogilvy paulistana.

Depois, passou pela Leo Burnett e pela McCann Erickson até voltar à Ogilvy como redator. Quando não está dançando com damas em bailes da saudade, ele escreve roteiros para programas humorísticos da televisão portuguesa e é ator.

Em São Paulo, sofre por não enxergar o horizonte, tem saudade dos aromas da terrinha e já escutou todas as piadas sobre portugueses que existem de seus companheiros criativos. Mas, como diria um dos personagens criados por ele, o incorrigível otimista Azevedo, "o importante é viver positivamente."

Christian von Ameln/Folhapress

IGOR CABÓ
LEW'LARA/TBWA

"Isso é propaganda enganosa, piscina em favela", diz Igor Cabó, 29, sobre os próprios olhos claros. Tímido à primeira vista, o cearense juntou dinheiro durante um ano antes de se mudar para São Paulo, em 2007, e batalhar um estágio na Leo Burnett.

Na agência, começou a demonstrar sua verdadeira identidade despachada, que virou marca registrada.

"Esse aqui quando apresenta campanha é um 'show-man', até dança", entrega o dupla Ary Nogueira.

Antes da Lew'Lara\TBWA, onde atualmente é redator, Igor passou pela DPZ e pela Young & Rubicam.

"Já achei que gostaria de ser diretor criativo de agência, mas hoje não tenho ideia do que quero fazer nos próximos dez anos."

Acostumado a trabalhar com metas, ele diz que também gosta de atividades que nunca achou que fosse capaz de fazer.

"Pode ser que vire um hippie, um diretor de cinema, que escreva um livro... Só por achar que não consigo."

Mas, depois de um pausa, confessa que o que realmente queria, mais do que leões em Cannes, é criar uma campanha que ganhe as ruas. "Não há nada mais gratificante."

Christian von Ameln/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: