Folha de S. Paulo


Turismo: CVC estreia nova categoria da pesquisa

Amelia Paes/Folhapress
Grafico de agência de viagem da categoria turismo da top of mind 2011

Nunca se viajou tanto no Brasil. Pelo menos 78 milhões de passageiros, 10 milhões a mais que em 2010. Com um mercado em plena expansão, turbinado ainda mais por conta da Copa e das Olimpíadas, a Folha Top of Mind incluiu a categoria agência de viagem pela primeira vez em 21 anos da pesquisa. Resultado, a maior agência do país, a CVC, estreia à frente na nova categoria.

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A empresa nacional, que começou suas atividades com viagens de ônibus, nos finais de semana, para os trabalhadores das montadoras de automóveis da região do Grande ABC, embarcou 2,5 milhões de passageiros em 2010, sendo 65% em viagens domésticas e 35%, internacionais.

A CVC obtém 12% das menções, o dobro de Gol e TAM, empatadas com 6% cada uma. Alguns dados da pesquisa: entre a população de maior poder aquisitivo, a CVC atinge 40% das citações, sobressaindo entre os mais escolarizados (35%) e os que pertencem às classes A/B (25%).

O Datafolha revela, contudo, que metade dos entrevistados (50%) não sabe ou não se lembra de nenhuma marca de agências de viagem no Brasil.

O desconhecimento é ainda maior entre os mais velhos (68%), as classes sociais mais baixas (66%), os que não trabalham e os menos escolarizados (60%, cada um).

A origem
O nascimento da Agência de Viagens CVC se deu no dia 28 de maio de 1972, da associação de Guilherme Paulus e de Carlos Vicente Cerchiari (a sigla CVC provém das iniciais do nome). Em maio de 2012 completa 40 anos no país.

A sociedade foi desfeita em 1976, quando a CVC passou a ser administrada apenas por Guilherme Paulus e por sua mulher, Luiza Paulus.

Só em 1978 teve início à organização de grupos de viagem, que atendiam principalmente aos grêmios de funcionários das indústrias da região do ABC paulista, como as montadoras de veículo e também os departamentos sociais que inaugurou o conceito do "turismo de massa" no país.

Em janeiro de 2010, o grupo internacional The Carlyle Group adquiriu 63,6% do controle da CVC. Guilherme Paulus continua como presidente do conselho e com participação no restante do capital da companhia.

"Esse reconhecimento da marca é o resultado do trabalho desses quase 40 anos", acredita Valter Patriani, presidente da CVC. ''Começou quando percebemos as oportunidades na região do ABC, que se apresentava como um eldorado com a concentração das grandes montadoras."

Patriani lembra que os trabalhadores da região precisavam de lazer nos finais de semana. Na ocasião, a empresa criou os passeios de ônibus de um dia. "Assim conseguimos concretizar o sonho de viagem das pessoas com orçamento que cabe no bolso e com qualidade, que acredito ser a fórmula de sucesso da empresa até hoje."

Carlos Alberto Amorim Ferreira, 59, presidente da Abav (Associação Brasileira dos Agentes de Viagem), comenta que o resultado não surpreende, já que mais de 90% das agência associadas à entidade, que somam 3.500, são micro e pequenas empresas.

Na avaliação de Ferreira, esse resultado decorre de uma junção de fatores. O fato de a maioria delas não conseguir fazer investimentos em grandes mídias, o descrédito inicial em lojas de shopping center e a falência da Soletur são alguns dos exemplos apontados por ele. "A CVC encontrou essa brecha e conseguiu abocanhar grande parte desses clientes."

A criação do Ministério do Turismo e o forte crescimento da classe média com a compra de pacotes e passagens parceladas, continua Ferreira, também colaboraram para esse rumo que teve o turismo no país.

"As agências com bons sites na internet, que divulgam em redes sociais e investem no comércio eletrônico e em outras mídias, em poucos anos diminuirão esse desconhecimento do público consumidor em relação ao agente de turismo", aposta.

Expansão
Para a consultora de turismo Doris Ruschmann, a pesquisa reflete a realidade de mercado. "Além do investimento forte na divulgação dos pacotes, destinos e cruzeiros, tanto nacionais como internacionais, a CVC passa credibilidade aos consumidores."

Doris diz ainda que esse consumidor tem o perfil de viajar para descanso de férias com entretenimento. "E como eles têm medo do desconhecido, de se depararem com problemas, referem planejar e ter o apoio de agente que resolve tudo para ele -desde passagem, hospedagem, embarque e desembarque em aeroportos até a documentação necessária."

Ela comenta que a CVC é considerada uma marca que consegue grandes descontos pelo volume de pessoas que consegue levar aos destinos. É da região Sudeste que sai a maior parte dos turistas, que ainda tem como destino as praias do Nordeste.

"São famílias que viajam com filhos nas férias e que podem pagar, mesmo que seja parcelado", explica.

Gol e TAM, completa a professora, aparecem nesse ranking porque são as companhias aéreas que levam a nova classe média aos seus destinos. Na maioria das vezes, esse público se acomoda nas casas de parentes. "Já os idosos têm apoio de várias associações que também funcionam como agentes de destinos', comenta ela.

O número de turistas no Brasil saltou de 156 milhões para 186 milhões, entre 2007 e 2010, com um crescimento de 20%, segundo dados do Ministério do Turismo. Só em 2010, 50 milhões de brasileiros realizaram 186 milhões de viagens internas.

Os eventos esportivos marcados para os próximos anos e a ascensão social das classes C e D, que passaram a incluir o turismo na sua cesta básica, com o crescimento econômico do país, sinalizam para uma tendência de expansão ainda maior do mercado de turismo.

O percentual de brasileiros que pretende viajar até janeiro de 2012 cresceu 37,6% em julho, em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo o ministério, o destino preferido ainda é o Nordeste, com 49,5% das indicações, e o meio de transporte mais citado é o avião, com 61%. Subiu também, de 50,8% para 62,1%, o número de pessoas que pretende se hospedar em hotéis e pousadas pelo Brasil afora.

"Nosso objetivo é incentivar ainda mais o turismo doméstico, oferecer a essa nova classe média a oportunidade de viajar a preços atraentes. Para isso, estamos finalizando mais um projeto, o do turismo social na baixa temporada que começa a ser implantado a partir de março de 2012", conta o ministro do Turismo, Gastão Vieira.


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