Folha de S. Paulo


Concentração bancária pode 'favorecer' o sistema

No Brasil, país em que os cinco maiores bancos detêm quase 80% dos ativos totais do sistema financeiro, a concentração pode facilitar a adoção da tecnologia blockchain, diz Frederic De Mariz, diretor de análise de empresas financeiras do UBS Brasil.

"Isso exige uma colaboração de participantes que seria mais fácil de conseguir. Bastaria colocar na mesa os cinco bancos que têm posição relevante no sistema bancário, o que seria mais eficiente e reduziria custos", diz.

Essa colaboração, porém, pode ser difícil de conseguir, afirma Paulo Ossamu, diretor-executivo da Accenture Strategy. "Há um nível de competição acirrado. Cada um quer sair na frente, mas eles não colaboram. O blockchain funciona melhor de forma distribuída", diz.

Para ele, os bancos têm medo de adotar uma solução mais cooperativa e ficar mais vulneráveis. "Essa colaboração é essencial no sistema brasileiro. Se não for uma solução robusta, em que os bancos colaborem, como garantir que a tecnologia vai aguentar os grandes volumes de transações feitos aqui?"

Há riscos para quem não souber aproveitar o momento, avalia Donald Tapscott, especialista na tecnologia. "Tudo o que os bancos fazem pode ser eliminado por essa tecnologia. Por outro lado, se os bancos abraçarem o blobkchain, poderão oferecer mais valor aos consumidores a um custo menor", afirma.

André Leme, sócio da Bain & Company, tem percepção parecida com a de Tapscott.

"É possível criar um novo mercado, dependendo de como os usuários vão adotar a tecnologia. Não significa que você não vai precisar de bancos, mas sim que será mudada a forma como esses participantes operam. E quem sair na frente poderá ganhar mercado", diz.


Endereço da página: