Folha de S. Paulo


Empresas adotam maratona hacker para conseguir soluções para produtos

Não só as start-ups em busca do seu R$ 1 milhão ou hackerativistas que estão aderindo aos "hackatons" (maratona hacker) durante a décima edição da Campus Party, em São Paulo.

Aproveitando o evento que reúne "geeks", desenvolvedores e hackers, grandes empresas estão lançando desafios com o formato hackaton para conseguir soluções para seus produtos.

O Banco do Brasil lançou um desafio de UX (experiência de usuário). A ideia é que em 36 horas as equipes pensem em como melhorar a experiência do usuário no app do banco e entreguem um protótipo.

De acordo com o gerente da divisão de negócios digitais da empresa, Alexandre Lima, a intenção não é terminar o evento com um produto novo e imediatamente aplicável, mas uma boa oportunidade de feedback.

"Eu consigo avaliar o entendimento que a comunidade tem da experiência do usuário dentro do meu app, tanto do designer como usuário, como do designer como desenvolvedor. Isso me dá um retorno do que explorar e melhorar no futuro".

Em meio a tantas start-ups e empresas do setor de tecnologia, a John Deere, montadora de maquinário agrícola, também resolveu lançar um desafio no formato "hackaton".

A empresa não revelou o objetivo do desafio (ele seria revelado para os participantes no momento do briefing), mas adiantou que seria o desenvolvimento de um aplicativo.

"Achamos que o aplicativo seria mais próximo da linguagem do público da Campus Party e é uma forma de aproximar o setor agrícola, que é um grande polo de inovação tecnológica, desse público urbano, cheio de vontade de desenvolver", comenta Guilherme Sierra, gerente de comunicação da empresa.

Os vencedores ganham uma visita ao setor de inovação da empresa, nos Estados Unidos.

A Visa, por sua vez, abriu sua biblioteca de APIs ( interface entre aplicativo e programação) em um "hackaton" que deve trazer à tona maneiras de melhorar a experiência de pagamento do usuário.

Segundo Erico Fileno, diretor de inovação da operadora, a competição é uma via de mão dupla que, além de trazer uma solução, permite avaliar como os programadores lidam com a documentação e plataformas da marca.

"Fizemos uma boa seleção de programadores de nível médio e vamos aprendendo e entendendo como eles usam nossas aplicações, isso é muito importante", explica. Os vencedores também levam R$ 15 mil para casa.

Algumas empresas ainda se uniram ao Big Hackaton, que tem acontecido em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) durante a Campus Party, onde os participantes desenvolvem soluções baseadas na carta de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A Otima, empresa de mídia e mobiliário urbano, desenvolveu um protótipo baseado em Arduíno e Rapberry Pi que coleta, em tempo real, informações no ponto de ônibus.

Dados como incidência de raios UV, chuva, fluxo de pessoas, ruído e qualidade do ar são disponibilizadas na nuvem para que os participantes fomentem suas soluções durante o Big Hackaton.

Gustavo Brancante, gerente de tecnologia e inovação da empresa diz que o protótipo, apesar de estar longe da produção em escala, serve para alimentar ideias.

"Queremos usar o 'big data' para gerar 'insights' em tempo real, colocar as pessoas como protagonistas das soluções nas cidades, não coadjuvantes".


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