Folha de S. Paulo


Padronização empobrece a publicidade, diz executivo do Bradesco

Zanone Fraissat/Folhapress
SAO PAULO/SP BRASIL. 28/09/2016 - Evento com youtubers e que trata de cultura e conteúdo digital..(foto: Zanone Fraissat/COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
YouPIX CON aborda a indústria de conteúdo digital

Seguir um modelo de ação pré-estabelecido é um dos piores defeitos no mercado publicitário atual, avalia Marcelo Salgado, gerente de mídias sociais do Bradesco. "A padronização empobrece a publicidade", diz.

Salgado participou do debate "Quanto vale ou é por quilo", que discutiu como precificar o trabalho de influenciadores na internet. A conversa ocorreu nesta quarta (28) durante o youPIX CON, evento que aborda a indústria de conteúdo digital.

Criadores digitais
Produção de conteúdo na internet
Pablo Peixoto, fundador do canal de entretenimento e cultura pop Qu4tro Coisas

Para o executivo do Bradesco, a dinâmica de mercado mudou, e o valor não está só no número de seguidores de um influenciador nas redes sociais. "Não queremos só quem distribui a mensagem da marca, mas não se conecta com as pessoas. Precisamos de pessoas que realmente estabeleçam conexão com nosso público."

De acordo com Thais Mara, coordenadora de influência da agência Mutato, a questão de métrica de uma campanha é sensível e diferentes trabalhos não devem seguir os mesmos números como modelo. "Isso é a primeira coisa que o cliente [marca] vai olhar. Não existe uma métrica única, válida para todas as ações. Vai depender da mensagem que queremos passar, da campanha", diz.

Ela aponta que é difícil para a marca entender que, muitas vezes, o resultado de uma campanha não é imediato. Mutato diz acreditar que as empresas devem construir uma relação boa com o influenciador e pensar em uma exposição no longo prazo.

"Precisamos criar novas formas de calcular o engajamento. A marca tem de surfar na onda do influenciador e não o contrário."

Durante a conversa, Rose Pimentel, diretora de contas da agência InPress, ressaltou que é fundamental que a marca anunciante tenha segurança de que determinado influenciador vai falar com seu público-alvo.

PREÇO X CONTEÚDO

Fabio Utumi, sócio da IQ Agenciamento, que faz trabalhos de divulgação de influenciadores digitais, diz que o preço de cada ação é decidido em conjunto com o criador de conteúdo. "Fazemos uma avaliação junto com ele, mas seguimos vários critérios. As campanhas são muito subjetivas, não temos uma tabela de valores", diz o executivo.

Audiência, número de seguidores e demanda são alguns dos itens levados em consideração para determinar o cachê a ser cobrado.

CRIADORES E MARCAS

E o que os criadores de conteúdo e influenciadores pensam? Para Felipe Castanhari, dono do canal Nostalgia, no YouTube, com mais de 7,6 milhões de inscritos, não adianta aceitar o dinheiro de uma marca, mesmo que ela tenha um conceito bom para a campanha, se não houver relação direta com o seu canal. "Sou muito fiel ao resultado. É difícil endossar um produto em que você não acredita."

Durante o debate "Creators e Marcas", os influenciadores destacaram que as empresas precisam levar mais em conta a essência do conteúdo já gerado por eles. "É bom quando a marca vem para melhorar o conteúdo e não se impor", diz Cauê Moura, dono do canal Desce a Letra, com mais de 4,6 milhões de inscritos e que produz "vídeos que ofendem a família brasileira", segundo a descrição no site.

"Muitas vezes, a marca não sabe nem o que a gente faz e não querem saber muito o que a gente pensa e o que queremos fazer", reclama Lucas Rangel, do Vine, com mais de 1,3 milhão de inscritos em seu canal. "A gente não quer só dinheiro. Se aquela quantia for para um projeto que não seja bom para o público, pode não valer a pena."


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