Folha de S. Paulo


Game de dança 'Just Dance' pode virar programa de TV no Brasil

Divulgação
Cena do jogo
Cena do jogo "Just Dance", da Ubisoft

A Ubisoft, uma das principais produtoras de games do mundo, vem investindo em negócios fora desse universo, com livros e, curiosamente, até perfumes e cuecas. O objetivo é expandir o uso de suas marcas, que incluem títulos como "Assassin's Creed" e "Just Dance" —esse pode virar programa de TV no Brasil.

Bertrand Chaverot, diretor da empresa para a América Latina, diz que há planos de transformar o jogo de dança em reality show no país. Neste ano, estreia a versão chinesa.

A ideia é fazer com que os usuários participem de seletivas on-line ou na plateia e depois de finais na televisão. Para isso, seria usado o aplicativo de celular Just Dance Now!, que teve 3 milhões de downloads no país. "Já discutimos o formato com parceiros como a Endemol. Estamos esperando", disse Chaverot durante a feira BGS (Brasil Game Show), que abre ao público nesta sexta-feira (2).

Dvulgação
Diego dos Santos (à esq.) no campeonato mundial de 'Just Dance'; ele é bicampeão da modalidade
Diego dos Santos (à esq.) no campeonato mundial de 'Just Dance'; ele é bicampeão da modalidade

Hoje, os usuários do país são campeões no uso do jogo (são vendidas de 200 mil a 300 mil cópias por ano do produto, disponível para as plataformas PlayStation, Xbox e Wii). "O Brasil gosta muito de celebrar, não tem preconceito de mexer o esqueleto, se divertir", afirma o executivo.

Para a edição 2017, o jogo terá a música "Bang", de Anitta, como conteúdo nacional.

A produtora também planeja abrir uma loja on-line com produtos licenciados de suas marcas, o que inclui camisetas, cuecas e um novo lote do perfume masculino Hidden Blade, inspirado no game "Assassin's Creed". A fragrância foi lançada apenas no Brasil no ano passado e vendeu 5.000 unidades.

"Era uma piada, mas vendemos tudo", diz o Chaverot. Os livros relacionados ao game, reconhecido por utilizar eventos históricos reais como pano de fundo, caso da Revolução Francesa ou as Cruzadas, venderam 1,6 milhão de cópias no Brasil, metade do registrado no mundo.

Hoje, o Brasil é o 7º mercado da empresa no mundo. A produtora chegou a ter centros de desenvolvimento em São Paulo e em Porto Alegre, empregando 80 pessoas, mas fechou os estúdios culpando os altos custos para importar equipamentos e outras burocracias.

"O Brasil é o único país que tributa investimentos produtivos. Você investe R$ 1 milhão para comprar uma máquina, e tem que pagar um imposto de importação absurdo. É muito louco", diz ele.

O faturamento deve crescer 15%, o que Chaverot considera um bom número dado o atual momento da economia brasileira. "O cenário impactou principalmente o varejo, as pessoas estão indo menos às lojas", diz.

Questionado se aprovava os planos das operadoras de adotar limites de dados de dados na banda larga, Chaverot disse que não —os gamers foram inclusive apontados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) como um dos culpados pela sobrecarga das redes de internet, o que gerou muita reação no setor.

Mas o executivo vê benefícios nos crônicos problemas de conexão do país. "Estou feliz que a banda larga não cresça muito rápido, isso permite que nós façamos uma transição mais suave. É importante que a gente tenha um varejo [físico] forte, em que as pessoas possam ir lá e olhar o jogo, estar." O índice de vendas on-line da empresa, com usuários baixando os jogos, por exemplo, em vez de comprar as cópias físicas, cresceu de 20% em 2014 para 30% no ano passado.

TRAILER DO GAME 'JUST DANCE 2017':

'Just Dance 2017' terá música 'Bang', de Anitta


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