Folha de S. Paulo


Ao copiar Snapchat, Instagram tenta levar lógica do app a público maior

Divulgação
Instagram Stories, que tem até o mesmo círculo central do Snapchat
Instagram Stories, que tem até o mesmo círculo central do Snapchat

O Instagram lançou nesta terça-feira (2) a ferramenta Stories, uma nova tentativa de uma empresa sob os domínios de Mark Zuckerberg de criar algo parecido com o Snapchat. Trata-se de uma cópia clara, mas que faz sentido do ponto de vista dos negócios.

Stories, que aparece em cima da timeline normal do Instagram, permite que usuários criem fotos e vídeos divertidos, adicionando desenhos, adesivos e filtros (para criar o conteúdo, é preciso pressionar um grande círculo que aparece na parte de baixo da tela, tal qual no Snapchat).

Assim como no feed público do rival, que tem o mesmo nome, as imagens ficam visíveis por apenas 24 horas e podem ser vistas em sequência.

Não é a primeira vez que o Facebook, dono do Instagram, tenta criar um clone do rival –já houve tentativas com recursos como Slingshot Poke, que não embalaram. Em 2013, a companhiaofereceu US$ 3 bilhões pelo Snapchat, criado dois anos antes, mas a oferta foi recusada.

No ano seguinte, Evan Spiegel, criador do app, disse à Folha quer construir "uma grande empresa independente" e que dure mais de 25 anos, por isso não aceitaria uma aquisição.

Na semana passada, a empresa de investimentos Jefferies divulgou um relatório em que dizia que o avanço do Snapchat, que se popularizou primeiro entre os adolescentes, representava um risco para o faturamento com publicidade do Instagram.

"O Snapchat tem uma base de usuários mais ativa, que cria mais conteúdo que o usuário médio do Instagram. Nós achamos que o Instagram parece o app em posição de mais risco com o crescimento do Snapchat", dizia o texto, citado pelo "New York Times".

A aposta do Instagram, que tem 500 milhões de usuários ativos mensais, cerca de metade do rival, é usar a lógica do Snapchat e deixá-la disponível para uma audiência maior, em geral mais velha, que pode gostar desse tipo de conteúdo, mas não quer entrar em outro app.

"Eu adoraria ver histórias de algumas das cafeterias, estilistas, chefs, fotógrafos e pilotos de avião que eu sigo no Instagram –eu não sigo nenhum deles no Snapchat", disse Dan Frommer, editor-chefe do Recode, que classifica a estratégia do app de fotos como "brilhante".

Kevin Systrom, presidente-executivo do Instagram, disse que o concorrente "merece todo o crédito" por ter popularizado esse formato (das fotos e vídeos instantâneos, que vistos em sequência contam uma história efêmera sobre o cotidiano do usuário). Em baladas, é comum ver pessoas pressionando a tela do celular, que fica apontado em suas direções. Estão, provavelmente, fazendo "snaps".

Para Systrom, entretanto, faz sentido adaptar esse formato para outras plataformas (como o Facebook veio com o formato de limeline, depois adaptado por outras redes sociais, ou as hashtags, que surgiram no Twitter e agora são usadas em outros lugares, inclusive no Instagram).

"Quando você é um inovador, isso é ótimo. Assim como o Instagram merece todo o crédito por trazer os filtros para a linha de frente. Não é sobre quem inventou o que, é sobre um formato e como você pode levá-lo para uma rede social e colocar seu próprio jeito nele", disse ele,segundo o site Techcrunch.

Cópias não são incomuns no mercado de tecnologia (Steve Jobs já parafraseou Picasso para dizer que "bons artistas copiam, ótimos artistas roubam" e que a Apple não tinha receio de "roubar boas ideias"). Resta saber se há usuários e filtros suficientes para um recurso tão parecido em dois apps diferentes.


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