Folha de S. Paulo


Twitter vai continuar sem filtros e não quer ser o Facebook, diz executivo

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O Twitter comemora nesta segunda-feira (21) os 10 anos de sua criação, em 2006. Em debate na "TV Folha" nesta tarde, o vice-presidente do Twitter para América Latina, Guilherme Ribenboim, afirma que a rede "não vai se facebookizar".

"O Twitter nasceu com esse DNA de ser uma plataforma aberta, e isso está embedado na nossa cultura", afirma o executivo.

Também participaram da discussão o apresentador Marcelo Tas, o professor da USP e colunista da Folha Luli Radfahrer e Felipe Maia, editor-adjunto de Semanais.

Para os convidados, um dos grandes diferenciais do Twitter é justamente a ausência de filtros: tudo que é publicado em determinado perfil é mostrado a todos os usuários que o seguem –não importa se o perfil é um simples usuário ou a página de uma empresa.

Não existe um algoritmo que filtre as publicações, como no Facebook, no Google ou no YouTube. O algoritmo que opera no Twitter –implantado em fevereiro deste ano– funciona apenas para os tweets exibidos em destaque no começo da timeline, quando o usuário acessa o site após ter ficado ausente por algumas horas. Ao descer a página, contudo, todas as publicações voltam a aparecer em ordem cronológica reversa.

"Existe essa tentativa de facebookização de todas as redes. Mas não é preciso escolher entre uma coisa e outra", afirma Tas.

"A grande vantagem do Twitter com relação ao Facebook é que você escolhe quem seguir, e essa informação não vem filtrada", diz Radfahrer. "É uma agencia de noticias individual, quase como se cada um tivesse a sua própria Reuters."

Num ambiente de polarização e grandes discussões políticas, Radfahrer avalia que a ausência de filtros pode ser uma boa forma de se deparar com várias opiniões diferentes. "Facebook e YouTube gostam de valorizar o que você gosta, o que você clica. Fica aquele ambiente de mesa de jantar, em que ninguém vai te contrariar", diz.

Folhapress

TEMPO REAL

Embora tenha passado por momentos impactantes nesta década de vida, a rede –que estagnou nos 320 milhões de usuários– parece não ter mais o poder de impacto que tinha há alguns anos.

Mas para o executivo da companhia, o poder de viralização continua o mesmo. Ribenboim cita o exemplo do jovem Renê Silva, morador do Complexo do Alemão que ficou conhecido no Brasil todo ao twittar sobre a operação do exército no local, em 2013.

"O Twitter ainda funciona como um reloginho do tempo real, e essa é a grande virtude", diz Tas. "Em grandes aglomerações, a gente tem espaço pra colocar algo que está rolando naquela hora."

Mas para os convidados, a plataforma continua saindo na frente quando a discussão é em tempo real.

Outro grande momento de protagonismo do Twitter é durante a transmissão de grandes eventos ou de programas de televisão.

Tas, que foi apresentador do programa "CQC", conta que costuma olhar o que os espectadores dizem sobre a transmissão. No Oscar 2016, a participação da atriz Glória Pires se tornou um dos grandes temas da rede –antes de chegar ao Facebook.

"O Twitter é a plataforma de segunda tela da televisão, e isso modifica sua maneira de assistir, principalmente quando o programa é ao vivo", afirma Ribenboim.


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