Folha de S. Paulo


Veja como a realidade aumentada vai levar hologramas para o cotidiano

Muitos dos participantes desta edição do TED, evento anual que reúne ideias inovadoras e que foi realizado na última semana no Canadá, passaram dias vendo coisas ou gesticulando sozinhos.

Não era um delírio coletivo, mas uma explosão de hologramas e imagens em 360 graus, gerados em capacetes futurísticos de empresas que prometem trazer ao mundo a nova moda tecnológica: as chamadas realidades virtual ou aumentada.

À frente do movimento está o engenheiro brasileiro Alex Kipman, que vive nos EUA há 15 anos e é responsável pelo HoloLens, da Microsoft, único aparelho de realidade aumentada atualmente à venda –embora apenas para desenvolvedores, por US$ 3.000 (R$ 12 mil). Não há previsão de quando chegará ao consumidor final.

"Quando for o tempo certo, vamos liberar para todos", disse Kipman, após sua apresentação no TED, na qual usou o HoloLens e exibiu em um telão os hologramas que apareciam no seu visor. No palco, ele gesticulava no vazio, enquanto na tela aparecia cercado por montanhas ou crateras de Marte.

Em certo momento, o engenheiro recebeu a ligação de um colega, que se materializou a seu lado em um holograma (e podia ser visto no seu visor pessoal ou no telão).

Para Kipman, qualquer pessoa que trabalhe com modelos 3D, como arquitetos ou engenheiros de robótica, terá sua vida transformada com a tecnologia. "Vou poder sentar na minha sala [nos EUA] e ter minha família brasileira sentada ao meu lado, conversando", disse o curitibano.

Outra firma de realidade aumentada que promete divulgar novidades, em março, a Meta fez demonstrações em uma sala do TED. Meron Gribetz, seu fundador, usou o Meta 2.0, um capacete/visor ligado por um cabo.

Com gestos e sinais, ele navegou por telas holográficas, viu de perto um esqueleto humano e também recebeu uma ligação com o interlocutor materializado em holograma.

Eles não estão sozinhos. Outros peixes grandes do Vale do Silício já embarcaram na ideia. A Apple comprou a alemã Metaio em maio, enquanto o Google investe na Magic Leap, avaliada em cerca de US$ 4 bilhões –nenhuma com previsão de lançamento dos produtos.

O Facebook adquiriu por US$ 2 bilhões a Oculus VR, de realidade virtual, cujos óculos estarão à venda no final de março por US$ 599 (R$ 2.400) em 20 países.

"O mercado para realidade aumentada será maior que a da virtual, mas levará mais tempo para chegar", diz um relatório da consultoria Digi-Capital, que prevê uma indústria de US$ 120 bilhões até 2020 para as duas modalidades. "A realidade virtual vai continuar a se manter num mercado majoritariamente de entretenimento."

No TED, outra apresentação concorrida foi feita pelo artista Chris Milk, fundador da Vrse. Cada pessoa no auditório recebeu fones de ouvido e um Google Cardboard (suporte de papelão, em que é acoplado um celular para ver vídeos em 360 graus).

De pé, sem sair do lugar, mas virando para todos os lados, quase fomos atingidos por um trem e sobrevoamos Nova York. "Se filmados de forma errada, os vídeos podem causar náusea", alertou Milk. "É um formato fluido, e não apenas uma sequência de retângulos", explicou.

REALIDADE VIRTUAL OU AUMENTADA?

VIRTUAL
Com óculos ou um capacete, o usuário se "desconecta" do mundo real e mergulha no mundo digital. Tudo no seu campo de visão é formado por vídeos ou universos de 360 graus. Numa cena, é possível ver quem está atrás e na frente, checar detalhes do teto e ou do chão
Empresas: Oculus VR, Vrse

AUMENTADA
Também se usa óculos ou capacete, mas a pessoa segue em contato com o mundo real. O visor mescla hologramas e conteúdo 3D, passíveis de manipulação por gestos, com o ambiente do campo de visão do usuário
Empresas: Holo Lens, Meta, Magic Leap


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