Folha de S. Paulo


Criador do antivírus McAfee se oferece para desbloquear iPhone de terrorista

Jorge Dan Lopez - 05.dec.2012 /Reuters
ORG XMIT: JDL10 John McAfee, anti-virus software guru, speaks during an interview with Reuters in Guatemala City, December 5, 2012. REUTERS/Jorge Dan Lopez (GUATEMALA - Tags: CRIME LAW POLITICS SCIENCE TECHNOLOGY BUSINESS)
John McAfee dá entrevista em 2012, na Guatemala, onde foi preso por fugir da justiça de Belize

Não satisfeito com as demandas do FBI para que a Apple desse meios de decodificar os dados de um iPhone pertencente a um terrorista, o especialista em segurança John McAfee se ofereceu para quebrar o sistema de segurança do celular. McAfee não é qualquer um a dizer bravatas sobre o assunto.

Pré-candidato à presidência dos EUA pelo Partido Libertário, ele é o criador do antivírus que leva seu nome –e que já foi um dos líderes no mercado de software de segurança. É também uma figura controversa. Foi preso na Guatemala depois de fugir de Belize, onde fora intimado a depor sobre o assassinato de um vizinho. Não foi acusado de nada. Também é conhecido por ter praticado roleta russa com uma arma carregada na frente de um repórter de revista "Wired".

Não é que McAfee concorde com as autoridades americanas. Em artigo publicado pelo site "Business Insider", ele coloca à disposição seu time de hackers para que a Apple não seja obrigada a introduzir um atalho para acesso a dados criptografados –a chamada "back door" (porta dos fundos). Isso, diz o especialista, seria "o fim dos Estados Unidos como uma potência mundial".

McAfee defende a posição de muitos analistas de segurança de que introduzir dispositivos desse tipo ajudaria a antecipar ataques terroristas, por exemplo –mas, ao mesmo tempo, exporia sistemas à invasão de hackers e de nações inimigas. A introdução de "back doors" também ameaçaria cidadãos comuns.

"O FBI, em uma distorção de lógica risível e bizarra, disse que a 'back door' seria usada uma única vez no caso de San Bernardino. Isso é simplesmente mentira. Uma vez criada, a técnica poderia ser usada várias vezes, em qualquer número de dispositivos", argumentou.

O iPhone em questão pertencia a Syed Farook, que em companhia de sua mulher cometeu homicídio em massa contra colegas no Departamento de Saúde Pública do condado de San Bernardino. Farook e a mulher foram mortos depois em tiroteio com a polícia.

"Então aqui vai minha proposta para o FBI: eu vou, sem custo nenhum, decodificar a informação no iPhone de San Bernardino. Vai levar três semanas. Se vocês aceitarem minha oferta, vocês não precisarão pedir à Apple que coloque uma "back door" neste produto, o que seria o começo do fim da América", disse.


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