Folha de S. Paulo


Aplicativo ajuda iranianos a escapar da polícia da moralidade

Desenvolvedores anônimos criaram um aplicativo para driblar a polícia da moralidade no Irã, responsável por abordar mulheres que não estão trajadas de acordo com as vestimentas tradicionais do país, por exemplo.

Lançado na última segunda-feira (8), o app Gershad funciona de maneira semelhante ao Waze, em que o usuário pode indicar a localização de policiais no trânsito.

As pessoas marcam no mapa do dispositivo onde estão as patrulhas –normalmente feitas em vans–, assim outros usuários podem desviar delas.

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O Gershad, porém, foi bloqueado pelas autoridades do Irã na terça (9). Nesta quarta (11), a Folha conseguiu baixar o app, mas ele não funcionou.

Os desenvolvedores disseram ao site International Campaign for Human Rights in Iran (Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irã, em português) que estão tomando medidas para colocar o aplicativo novamente no ar.

Ele está disponível apenas no idioma persa e para o sistema Android, gratuitamente, e recebeu mais de 730 avaliações de usuários até o momento (87% com a nota máxima).

Em uma declaração em sua página na internet, os desenvolvedores explicaram a criação do app: "Por que temos que ser humilhados pelo nosso direito mais óbvio que é o direito de nos vestir como queremos? Mídias sociais e sites estão cheios de filmagens e fotos de mulheres inocentes que foram espancadas e arrastadas no chão pelos agentes de patrulha Ershad ".

A polícia da moralidade, chamada de "Gashte Ershad", foi criada pelo Judiciário e pela polícia do país em 2005, para fiscalizar a população e fazer valer o código de vestimenta e bons costumes. Usar muita maquiagem em público ou penteados e roupas masculinas consideradas ocidentais também pode gerar reprimendas.

De acordo com os desenvolvedores do Gershad, em 2014 cerca de 3 milhões de pessoas receberam esse tipo de advertência. Mais de 200 mil tiveram que fazer declarações escritas prometendo nunca quebrar o código islâmico de conduta novamente e 18 mil foram processadas.


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