Folha de S. Paulo


'Gaymers' formam bancada mais colorida da Campus Party (mesmo)

Isabel Seta/Folhapress
Da esq. para a dir., Birron Ferraz, Juliano Nunes e Remi Pietsch Junior, do grupo gay da Campus Party
Da esq. para a dir., Birron Ferraz, Juliano Nunes e Remi Pietsch Junior, do grupo gay da Campus Party

Tomada de ponta a ponta por uma faixa arco-íris, a "bancada mais colorida" da Campus Party, acampamento tecnológico que termina no domingo (31) em São Paulo, é a da chamada Campus G, com g maiúsculo de gay.

Não se trata de militância, eles dizem. "É para reunir uma galera que tem os mesmos interesses, fazer amigos, conhecer gente", explica o campuseiro e programador Juliano Nunes, 26. "Quem sabe até levar para a barraca", brinca o publicitário Birron Ferraz, 22, que diz que a "pegação" no evento é generalizada e não se restringe só aos gays.

Para Juliano, que conheceu o namorado, Remi Pietsch Junior, 22, na própria Campus G no ano passado, a militância está muito mais em andar de mãos dadas e trocar beijos com ele.

Apesar de não se classificarem como ativistas, eles, literalmente, vestem a camisa do grupo. A deste ano leva a palavra "gaymer", mistura de gay com gamer.

Além da orientação sexual, os jogos também são um interesse comum do grupo. Há fãs de "League of Legends" e de "Just Dance", por exemplo. Apesar de não se sentirem discriminados no evento, é na hora da dança que rola um atrito, comentou Birron. "São poucos, mas tem aquela malícia de chamar de veado, por exemplo."

Eles vieram em cerca de 40 pessoas, mas há muito mais gays e lésbicas espalhados pelo evento, garantem. "Eu tenho amigos que são gays, mas não vem aqui falar com a gente, porque não se assumiram para os colegas de faculdade", disse Juliano. "Tem gente que não vem aqui, mas nós vemos nos aplicativos [de paquera], tipo o Grindr", completa Birron.

E as meninas? Na ocasião da visita da reportagem da Folha, havia apenas três na bancada –apesar de uma das fundadoras da Campus G ser mulher. Para os meninos, a falta de mulheres é um problema do universo tecnológico como um todo. "Se bem que teve um boom de meninas nos últimos anos", diz Remi.

O jovem não vê falta de representatividade LGBT nos jogos em si. Para Remi, a falta de personagens assumidamente gays é até algo positivo, pois possibilita que os jogadores busquem descobrir a história dos personagens, trabalhando com elementos implícitos, e possam soltar a imaginação.

Além disso, a indústria tem melhorado, afirma ele, que é especialmente fã de "League of Legends". "Mas falta muita coisa, no 'The Sims', por exemplo, na hora de criar um personagem homens só podem usar roupas masculinas e mulheres, roupas femininas."


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