Folha de S. Paulo


Na Campus Party, máquinas 'tunadas' até batem asas

Isabel Seta/Folhapress
Animatrônico inspirado no personagem Gundam Wing, que até bate asas
Animatrônico inspirado no personagem Gundam Wing, que até bate asas

Sobre uma bancada da Campus Party, um acampamento de tecnologia com palestras e workshops que começou nesta terça-feira (26) e vai até domingo (31) em São Paulo, repousa um enorme Goku, personagem do desenho animado "Dragon Ball Z".

Trata-se de um casemod, um gabinete de computador personalizado, montado do zero pelo analista de suporte Emerson Pedroso, 23. Ele trabalhou principalmente com materiais recicláveis, como massa biscuit e tinta acrílica para criar o computador de quase 1 metro de altura em formato de Goku.

A brincadeira custou cerca de R$ 600, valor bem abaixo da média dos outros casemods que são trazidos para a Campus Party para participar de uma competição que elege o melhor de todos –o vencedor costuma ganhar um ingresso para a próxima edição, um troféu e um prêmio simbólico, além do título, é claro. As máquinas custam normalmente entre R$ 3.000 e R$ 4.000 para serem confeccionadas.

Emerson veio sozinho e sem patrocínio –diferentemente de outros participantes que compõem equipes profissionais. "Ano passado trouxe um Charizard [personagem de Pokemón] que custou R$ 4.800 e ficou em terceiro lugar na competição. Neste ano quis fazer algo com menos recursos", contou.

A paixão de Emerson, que veio de Rondanópolis (MT), por casemods começou na Campus Party de 2013. "Eu vi a facilidade que era mexer com robótica e decidi que precisava aprender a fazer aquilo também". Hoje ele tem também um canal no YouTube chamado Oficina DIY (sigla em inglês para Do It Yourself, faça você mesmo), onde já ensinou até a criar um capacitador de fluxo, da série "De Volta para o Futuro".

Foi também na Campus Party que Emerson conheceu outro apaixonado por casemodding, Alexandre Ferreira de Souza, 41, que monta seu próprio casemod a duas bancadas do colega.

Trata-se de uma criatura de 2,20 metros de altura por 6 metros de largura (com as asas abertas). O animatrônico de Alexandre –que usa robótica para movimentar as asas, acionadas pelo celular ou pelo tablet– foi inspirado em um personagem da série "Gundam", desenho animado japonês que passava na extinta TV Manchete.

Auxiliado pela mãe e assistido de perto pelo filho, Rafael, 8, Alexandre encaixava as peças finais na máquina. Ele investiu quase quatro meses e R$ 3.000 do próprio bolso para completar a montagem e trazer seu Gundam para sua décima Campus Party –ele compareceu em todas as edições de São Paulo e uma em Recife.

"Eu sou hiperativo, se eu não estou criando alguma coisa, eu passo mal", conta Alexandre, que no ano passado trouxe um casemod em formato de Homem de Ferro, seu maior sucesso até agora e que o levou a dar várias palestras sobre robótica pelo Brasil.

Como Alexandre, os amigos Rafael Da Hora (quinta Campus Party), 24, e Luan Maia (terceira Campus Party) também se inspiraram em desenhos antigos para criar seu casemod. Como hobby, criaram um "robô computador" feito à imagem de Megas, do desenho Megas XLR, que passava no Cartoon Network. "Foi o primeiro desenho com robôs que eu assisti", conta Luan.

O casemod foi todo feito à mão, sem patrocínio e tem até um sistema de som automotivo que toca músicas. "No desenho, falava que ele era como um carro e todo carro que se preze tem um sistema de som", diz Rafael.

EM FAMÍLIA

Alexandre não foi o único a trazer toda uma caravana familiar para a Campus Party. A fotógrafa Débora Rodrigues de Jesus, 28, também veio acompanhada de marido, sobrinho e até de sua filha, Lilith, de quatro meses.

O marido também faz computadores personalizados, o sobrinho ajuda a pintar os casemods e, por enquanto somente sua Lilith escapa do trabalho e descansa tranquila em um carrinho de bebê.

Fã de "tudo quando é game", Débora começou a montar computadores personalizados por diversão, influenciada pelo marido, que é técnico de TI. Eles fazem parte da equipe Cooler Master e já ganharam a competição mais de uma vez, inclusive o campeonato mundial. Ela conta que cada computador, depois de pronto, chega a valer em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil.


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