Folha de S. Paulo


Aparelho registra sons e imagens ao redor para 'sussurrar' dicas ao usuário

Divulgação
MyMe, da OrCam, é presa à camisa e registra áudio e vídeo ao redor
MyMe, da OrCam, é presa à camisa e registra áudio e vídeo ao redor

"Siri, quem é essa pessoa na minha frente?" Se se fizer essa pergunta à assistente virtual da Apple, não se recebe resposta alguma. Ela, assim como o Google Now e a Cortana, da Microsoft, não têm olhos –apenas ouvidos.

Pois uma empresa israelense deu visão à sua própria inteligência artificial, o MyMe. "Imagine ter alguém que o ajuda a lembrar nomes de pessoas, ou palavras-chaves de conversas", disse o gerente de produtos da OrCam, Amit Man, durante a CES 2016, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, que aconteceu até o último sábado (9) em Las Vegas.

Ainda em fase de desenvolvimento, o dispositivo israelense é uma câmera a ser presa na camisa do usuário, na altura do colo. Dotada de um microfone, ela registra o tempo todo sinais de áudio e vídeo e os processa com algoritmos sofisticados de visão e aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural –que dão aos computadores faculdades parecidas com a dos humanos, embora ainda com muitas limitações.

Mas que são suficientes, diz a empresa, para apresentar no smartphone ou no relógio inteligente do usuário informações sobre um palestrante a que ele está assistindo, por exemplo, ou para registrar aquilo que ele come durante o dia, sem a necessidade de anotar cada alimento no celular. Há uma diferença entre o MyMe e os similares do Google e da Apple, no entanto: "Os dados brutos do que é capturado não são registrados em qualquer lugar, seja no smartphone seja na nuvem. Tudo acontece dentro do aparelho", afirma Man.

A OrCam afirma ter criado hardware capaz de processar algoritmos intensivos sem gastar muita energia, aumentar o tamanho do aparelho, ou enviar dados a servidores. A ideia é que, mesmo com as experiências do usuário sendo capturadas a todo momento, ele não se preocupe com a privacidade de suas informações.

A Folha não pode testar o MyMe, mas avaliou o aparelho que a OrCam lançou em 2013 para ajudar pessoas com baixa visão. O modelo é mais parecido com o Google Glass, que não agradou e teve o primeiro protótipo descontinuado, com a câmera encaixada em óculos. Mas desempenha bem sua função: basta apontar o dedo para um trecho de texto em uma página e o sistema o lê. Aponta-se para outro trecho, espera-se um aviso sonoro, e mais uma leitura. Tudo funciona rapidamente.

Embora o MyMe tenha sido pensado para usos mais gerais, nada impedirá que ele também ajude pessoas com necessidades especiais, entre outras tarefas. "Nós teremos uma plataforma aberta. No segundo semestre, devemos lançar o produto apenas para desenvolvedores, para que eles criem aplicativos, diz Man. "Esperamos ter o dispositivo no mercado cerca de seis meses depois disso, perto de 2017, mas ainda não temos o preço definido."

O jornalista viajou a convite da Samsung


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