Folha de S. Paulo


Marca Motorola vai deixar de existir

A marca Motorola, icônica para o mercado de celulares, deixará de ser usada. Vai ser apenas "Moto", como já acontece com produtos bem-sucedidos da companhia no Brasil, caso do Moto X e do Moto G.

A decisão é da companhia chinesa Lenovo, que em 2014 comprou a Motorola Mobility do Google por US$ 2,91 bilhões (bem menos que os US$ 12,5 bilhões que a gigante das buscas havia pago pela companhia dois anos antes).

"Para a nossa estratégia de marketing, vamos adotar duas marcas em smartphones e 'wearables' e seguir, daqui para frente, com Moto e Vibe globalmente", disse a Lenovo, hoje a sexta colocada mundialmente nesse mercado, em comunicado. O "M" estilizado da Motorola vai continuar a ser estampado nos produtos, mas sem o nome completo.

Divulgação
Celular Startac, lançado em 1996 pela Motorola; O
Celular Startac, lançado em 1996 pela Motorola; O "M" continuará a ser usado

"Nós vamos, de forma devagar, deixar o Motorola e nos concentramos em Moto", afirmou Rick Osterloh, direções de operações da companhia, ao site especializado CNET.

O objetivo da Lenovo é unificar suas divisões de telefonia. O nome Moto será usado para produtos mais caros e sofisticados, enquanto a marca Vibe, da própria Lenovo, vai ficar com os mais simples.

Apesar de representar pouca mudança para o consumidor, a mudança simboliza a morte de uma marca que se mistura com a história da telefonia celular. A companhia foi a primeira a apresentar um protótipo desse tipo de aparelho, em 1973, com o DynaTac 8000x –Martin Cooper, considerado o inventor do telefone celular, era chefe da divisão de pesquisas da companhia.

Sandy Huffaker/The New York Times
Martin Cooper, que inventou o celular enquanto trabalhava para a Motorola em 1973
Martin Cooper em seu escritório, na Califórnia

Anos mais tarde, em 1996, a empresa lançou o que naquela época era o celular mais leve do mercado, o StarTAC, que além disso era o primeiro celular com "flip". Custando R$ 2.000 no lançamento no Brasil, foi sinônimo de "ostentação" até o início dos anos 2000.

Depois veio a linha Razr, cujo modelo mais famoso foi o V3. Lançada em 2004, a série foi por muitos anos a mais vendida dos Estados Unidos –só foi ultrapassada pela Apple e seu iPhone 3G em 2008, de acordo com pesquisa da consultoria NPD.

A companhia começou a ter problemas justamente nessa transição dos celulares comuns para os smartphones, no final da década passada, não conseguindo criar rapidamente um produto que atendesse esse mercado.

Só foi voltar ao jogo com com os modelos que usavam o sistema Android. O mercado brasileiro é muito importante para a companhia, que considera o país sua "segunda casa", segundo Osterloh disse à Folha no ano passado. Produtos costumam ser lançados primeiro aqui.

Até 2014, a companhia era a quarta maior vendedora de celulares no país, atrás de Samsung, LG e Nokia, mas à frente da Apple, de acordo com a consultoria Gartner.


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