Folha de S. Paulo


Em meio a drones e robôs, produtos do passado ganham nova vida na CES

John Locher - 5.jan.2016/Associated Press
Edição limitada da vitrola SL-1200MK2, da Panasonic
Edição limitada da vitrola SL-1200MK2, da Panasonic

Diante de aparelhos inteligentes, drones, carros que dirigem sozinhos e robôs, se poderia imaginar que um toca-discos devesse fazer parte de acervo de um museu. Ou que uma câmera de filme 8 milímetros jamais pudesse dividir espaço com smartwatches e óculos de realidade virtual.

Pois andar pelos corredores da CES, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, que acontece em Las Vegas, pode trazer surpresas como essas, com arroubos de nostalgia e até um pouco de anacronismo.

A linha de toca-discos Technics, da Panasonic, rendeu elogios dos visitantes e da imprensa especializada ao ressuscitar a antiga SL-1200MK2, uma queridinha dos DJs desde os anos 1970. Embora o revival dos vinis seja uma tendência de alguns anos, os aparelhos da Panasonic não haviam aproveitado o aquecimento do mercado dos antigos bolachões, e a fabricante interrompeu a fabricação da vitrola em 2010, gerando reclamações e até petições on-line.

Agora, a Panasonic anunciou uma linha limitada, com apenas 1.200 unidades, das antigas Technics para comemorar os 50 anos do toca-discos, e uma nova versão das MK2 batizada de Grand Class 1200G. A empresa diz que os DJs poderão confiar no novo aparelho tanto quanto confiavam nos antigos, conhecidos pela robustez do braço e do motor de tração direta, diferente das vitrolas com cintas, que arrebentavam depois de muito uso.

A vantagem de se lançar produtos antigos com tecnologia moderna é poder resolver parte dos pontos fracos de dispositivos consagrados. A Technics não era vista como um aparelho para se ter em casa. Embora a tração direta desse mais estabilidade para agitar um baile noite adentro, o sistema provocava vibrações que eram captadas pela agulha e distorciam o som. A Panasonic diz que a nova versão vai entregar qualidade digna de audiófilos.

Resolver um antigo problema para trazer de volta tecnologias desaparecidas, mas detentoras de fiéis admiradores, é também a aposta da Kodak, fabricante de filmes fotográficos que passou por maus bocados na era da fotografia digital.

Como as Technics, o filme Super 8 pode ser considerado um quinquagenário, já que a empresa fabrica o formato há quase 50 anos. Para comemorar o marco, lançou na CES um protótipo de câmera de 8 milímetros, que fará parte de uma iniciativa para revitalizar o suporte. Introduzindo recursos digitais na captura e no processo de revelação, a Kodak quer unir o melhor do filme e a conveniência de tecnologias modernas.

Divulgação
Câmera de 8 milímetros da Kodak
Câmera de 8 milímetros da Kodak

Houve, no entanto, quem teve de se reinventar. A Polaroid, que ficou conhecida pelas câmeras fotográficas, poderia ser considerada a Apple do século passado. Os filmes de revelação instantânea usados pelas câmeras da empresa introduziram a possibilidade de tirar fotos à maneira como se faz hoje com os smartphones, vendo o resultado na hora.

E a preocupação com o design e a experiência do usuário inspiraram Steve Jobs a fazer o mesmo na empresa que fundou.

Mas a revitalização do interesse pelos instantâneos não foi suficiente, como no caso dos vinis, para garantir a sobrevivência da empresa diante da força das tecnologias digitais. Quem passa pelo estande da Polaroid logo vê por que ele fica próximo ao de gigantes tecnológicos como Sony e Samsung. Há ali tablets, câmeras digitais e até impressoras 3D. Que imprimem colorido, como os antigos instantâneos.

O repórter viajou a convite da Samsung


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