Folha de S. Paulo


Netflix triplica seu alcance e vai funcionar em mais 130 países

Steve Marcus/Reuters
Reed Hastings, presidente-executivo da Netflix, durante apresentação na CES, em Las Vegas
Reed Hastings, presidente-executivo da Netflix, durante apresentação na CES, em Las Vegas

A Netflix vai começar a oferecer seu serviço de streaming de vídeos em mais 130 países, chegando a mais de 190 nações (cerca do triplo do número de locais em que opera atualmente) –a companhia tem cerca de 74 milhões de assinantes, a maior parte nos Estados Unidos e na Europa.

Reed Hastings, presidente-executivo da empresa, disse, durante a CES (Consumer Electronics Show), feira de tecnologia que acontece em Las Vegas, que o público estava "testemunhando o nascimento de uma nova rede global de televisão". O único grande mercado que a Netflix ainda precisa atingir é a China (além da Crimeia, região da Ucrânia, da Coreia do Norte e da Síria).

A expansão pode ter grandes implicações para operadoras de TV tradicionais e grupos de mídia. O serviço, que oferece filmes e também programas originais próprios, como "Narcos", "Orange is the New Black" e "House of Cards", teve um efeito profundo sobre o modo como as pessoas assistem esse tipo de conteúdo, especialmente nos Estados Unidos (a empresa lançou o serviço de streaming no país em 2007; no Brasil, em 2011).

O crescimento do serviço nos EUA tem provocado um efeito de "cortar as amarras", no qual os consumidores estão cancelando as assinaturas de televisão a cabo ou por satélite para ficar apenas com os streamings.

Hoje, a Netflix tem valor de mercado de US$ 46 bilhões, mais do que as redes CBS e Viacom somadas.

O número de pessoas assistindo ao Netflix e outros serviços similares está afetando as finanças das companhias tradicionais. Em 2015, o S&P 500 Media Index, índice que mede as 500 maiores empresas de mídia nas bolsas de Nova York e na Nasdaq, caiu 5,7%, mais do que o resto do mercado, que se manteve estável durante o ano.

Hastings afirmou que colocar o serviço em funcionamento em tantos países diferentes era "um desafio enorme", apontando as dificuldades de conseguir liberação de direitos autorais para programas geralmente negociados de país em país separadamente.

"Os direitos pelo conteúdo são geralmente fatiados por território, em acordos com estúdios e TVs locais que geralmente duram uma década", ele afirmou.

A Netflix foi a primeira empresa a lançar um serviço de assinaturas de vídeos para o mercado, mas a concorrência tem aumentado recentemente. A Amazon gastou US$ 1,3 bilhão em 2014 na produção de séries originais para o seu serviço, o Prime e, no ano passado, disse que pretender dobrar os investimentos.

O Hulu, serviço da Disney, Fox e Comcast, também aumentou os investimentos em produção própria. Ele está liberado apenas nos Estados Unidos, mas James Murdoch, presidente-executivo da Fox, disse recentemente que uma expansão internacional é provável.


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