Folha de S. Paulo


Uma das modas de 2015, skate elétrico enfrenta problemas de segurança

Em cena clássica do filme "De Volta para o Futuro 2", o personagem Marty McFly, para fugir de vilões, rouba o skate de uma garota e sai pairando sobre a rua com a prancha.

A ficção não virou realidade, ao menos por enquanto, mas o "hoverboard" (prancha que flutua) de McFly já tem uma espécie de precursor.

O equipamento, que, apesar de levar o mesmo nome, não flutua, é um skate elétrico de duas rodas. Movido a bateria com autonomia para 20 quilômetros, ele anda, para e faz curvas conforme o usuário inclina o corpo. Atinge a velocidade máxima de 10 km/h e é recomendado pelos fabricantes para maiores de 12 anos. Há quem o considere um brinquedo, mas também um meio de transporte.

No Brasil, importadoras começam a trazer o "hoverboard", já visto em parques e ruas. Nos Estados Unidos, foi considerado uma das melhores invenções de 2015 pela revista "Time" e se tornou o item mais vendido na seção de esportes e lazer da Amazon.

Famosos como o cantor Justin Bieber, o apresentador Jimmy Fallon e, no Brasil, a youtuber Kéfera publicaram vídeos passeando com o skate.

Mas a moda vem sofrendo algumas escorregadas.

A Amazon e lojas físicas do Walmart nos EUA suspenderam as vendas do produto após acidentes. Na quarta-feira (16), cinco marcas que apresentaram relatórios de segurança voltaram às prateleiras.

Segundo a Comissão de Segurança do Consumidor dos EUA, ao menos 30 pessoas foram para o hospital no último mês após se machucar com o skate -algumas tiveram lesões graves na cabeça e no braço.

No Reino Unido, ao menos 15 mil peças fabricadas na China foram confiscadas em uma semana; inspetores classificaram-nas como inseguras. No país, diga-se, andar com "hoverboards" na rua e na calçada é considerado ilegal.

Companhias aéreas também decidiram não transportá-lo -incluindo as brasileiras TAM, Gol, Azul e, desde a semana passada, a Avianca.

Um dos motivos: além de quedas de usuários, foram registrados incêndios e explosões na bateria de lítio.

"Eu nunca tive problemas, mas o de uma amiga pegou fogo", diz Isabelle Tignac, 20, que brinca com o skate em casa. "Fico apreensiva com a falta de segurança", admite.

A comissão de segurança ao consumidor dos EUA recomenda que as pessoas só usem o "hoverboard" com equipamentos como joelheiras e capacete, da mesma forma que em um skate -eles não vêm com o produto.

O estudante Matheus Ribeiro, 19, de Goiânia, machucou o pé ao se desequilibrar e acelerar demais o skate até bater na cama. "Eu e meus amigos já caímos várias vezes, mas nunca foi feio", diz.

Para evitar acidentes, a médica Claudia Risso, 44, de Tanabi (SP), só deixa a filha, de 12, andar em casa, em superfícies lisas. "Tenho medo de que ela se machuque com os buracos no asfalto".

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SKATE VOADOR?

O QUE É O 'HOVERBOARD'
Um skate elétrico, que anda conforme os movimentos do corpo da pessoa; movido a uma bateria recarregável

CARACTERÍSTICAS
Pesa aproximadamente 10 kg e aguenta pessoas de até 100 kg; a bateria tem autonomia para cerca de 20 km e permite velocidades de até 10 km/h

PARA QUE SERVE
Ainda que possa ser visto como instrumento de lazer, os fabricantes dizem que ele pode se tornar alternativa de transporte para curtas distâncias

ONDE COMPRAR
No Brasil, diretamente de importadoras e em lojas on-line como Mercado Livre (certifique-se da confiabilidade do vendedor); fabricantes de outros países podem não despachar o produto devido às restrições de companhias aéreas

QUANTO CUSTA
É possível encontrar modelos a partir de R$ 800; os das empresas maiores (em teoria mais seguros), como as americanas Swagway, Jetson e Razor, podem sair por mais de R$ 2.000

O QUE VEM JUNTO
Normalmente, só uma mochila para transporte; alguns modelos podem ser comandados por controle remoto (vendido separadamente). Órgãos de proteção ao consumidor recomendam seu uso com equipamentos de segurança como capacete e joelheiras, também não incluídos


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