Folha de S. Paulo


Caçador de 'empresas unicórnio' indica suas opções de investimento

Reprodução/Facebook
Dave McClure, fundador do 500 Startups, em evento em Hong Kong
Dave McClure, fundador do 500 Startups, em evento em Hong Kong

Investir em start-ups, mas sem a certeza de um retorno –esperando descobrir o novo grande sucesso do mercado– ou colocar dinheiro nas grandes corporações já consolidadas? Para Dave McClure, fundador do 500 Startups, fundo de aceleração negócios inovadores, a única resposta possível é apostar nas companhias que trabalham com tecnologia.

McClure participou nesta segunda-feira (16) da Innovators Summit, evento sobre inovação que acontece em São Paulo. Ele falou sobre as "empresas unicórnio", as companhias tecnológicas que valem mais de US$ 1 bilhão e não são negociadas na Bolsa, caso de sucessos como Uber, Airbnb e Snapchat, e as "dinossauro", mais tradicionais.

"Se você me der a opção de investir nas 'empresas unicórnio' ou em todas as companhias presentes na Nasdaq [consolidadas e de capital aberto na Bolsa], eu escolheria as unicórnio, com certeza", afirmou. "Provavelmente muitos 'unicórnios' são supervalorizados, mas empresas de capital aberto também são. O mercado espera que elas continuem operando como estão por mais uns 10 ou 15 anos, mas esse não vai ser o caso se elas não trabalharem com tecnologia."

Para ele, em pouco tempo o mercado vai ser dominado por empresas que, de alguma forma, usam tecnologia nos seus negócios, independentemente se os seus clientes forem pessoas comuns, que apenas saibam manipular alguns aplicativos.

"A locadora Blockbuster, há alguns anos, teve a opção de comprar o Netflix por US$ 150 milhões e não quis. Hoje, ela faliu, e o Netflix vale bilhões", exemplifica McClure. "A Kodak inventou a tecnologia das fotos e não soube capitalizar."

CAÇANDO UNICÓRNIOS

O objetivo dos investidores é descobrir, ainda nos primeiros estágios, qual é o próximo Netflix, ou seja, qual será a start-up (empresa iniciante de tecnologia) que vai mudar o mercado em que está.

No entanto, encontrar a figura mitológica é uma tarefa cercada de incertezas, e o sucesso não é garantido. Segundo estudos da 500 startups, a chance de uma empresa se tornar um unicórnio é de 1% ou 2%. Por essa razão, McClure recomenda que os investidores tenham um portfólio de investimento mais variado, com 100 ou 200 start-ups.

"Os portfólios hoje são pequenos demais. O ideal é que tenha de 100 a 200 empresas. Com 15, a chance de conseguir um unicórnio é quase zero. Se aumentar para 100, deve conseguir umas cinco grandes companhias no futuro e, se for muito inteligente, três unicórnios", diz.

E em quais companhias investir? McClure diz que há boas opções no mercado sempre que houver a possibilidade de desenvolver um produto em escala para os clientes.

"Tenho dois filhos, que vão a escolas diferentes. Toda manhã é um pesadelo. Deveria ter uma empresa como o Uber que os levasse à aula. Ou me ajudasse –eu levaria um e ela, o outro. Estamos investindo em umas start-up assim", disse.


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