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'Halo 5' erra no roteiro, mas tem bons modos de competição on-line

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Imagem de combate pela galáxia em 'Halo 5: Guardians'
Imagem de combate pela galáxia em 'Halo 5: Guardians'

Para a Microsoft, é de extrema importância que o game "Halo 5: Guardians", lançado na última semana de outubro exclusivamente para o videogame Xbox One, seja um sucesso. Preocupação essa que se refletiu nas inúmeras peças publicitárias espalhadas pelos pontos de ônibus de São Paulo e em outras campanhas de peso desenvolvidas nos últimos meses.

"Halo", a segunda maior franquia de videogame da empresa, atrás apenas de "Minecraft", tem a missão de reduzir a drástica diferença entre as vendas do Xbox One e do PlayStation 4, da Sony.

Por enquanto, tudo corre bem: a empresa anunciou na quarta-feira (4), uma semana depois da estreia, que "Halo 5: Guardians" já é o maior lançamento da série, com US$ 400 milhões em vendas –número que inclui pacotes em que o jogo e o console são vendidos juntos.

Depois de quatro títulos protagonizados por Master Chief, ou John para os mais íntimos, é estranho mergulhar num novo "Halo". Antes, o personagem principal do game era o misterioso soldado da armadura esverdeada. Agora, outro personagem, apresentado como seu rival, ganha destaque na tela.

Em "Halo 5", enquanto Chief e sua equipe desobedecem as ordens da UNSC (o fictício Comando Espacial das Nações Unidas), Locke recebe a missão de caçá-lo.

O soldado continua sendo o centro da narrativa e um personagem jogável, mas o jogador passa a maior parte dos 15 capítulos no controle de Locke.

Introduzido na série digital "Halo: Nightfall" (2014), Locke lidera a equipe Osiris numa narrativa às vezes confusa, que demora a fazer sentido. E, apesar de visar algo majestoso, poderia ter feito mais para criar empatia com o jogador.

É algo bem diferente da trama envolvente e emocional de "Halo 4", que explorou lindamente a relação entre Chief e sua assistente, a inteligência artificial chamada Cortana. O tiroteio, o combate com alienígenas, toda a ação ainda estava lá, mas esse laço nos chamava para dentro do jogo.

O desenrolar de "Halo 5" só me conectou ligeiramente com os personagens durante as cenas finais e os diálogos pontuais, em segundo plano, dos integrantes da equipe Osiris, que revelam curiosidades sobre seus passados. E esse é um privilégio do time liderado por Locke; o de Chief raramente se mostra interessante.

Veja trailer do jogo

TELA DIVIDIDA

Tanto a equipe de Locke quanto a de Chief têm outros três membros controlados pelo console –na maioria das vezes úteis. Eles aceitam ordens de movimento para um ponto específico no mapa ou de concentração do poder de fogo num só inimigo. Ótimo para enfrentar chefões.

O combate em grupo introduz à série a possibilidade de "ressuscitar" os companheiros que tenham seus escudos seriamente danificados. Dessa forma, aumentam as chances de você se levantar e continuar uma batalha quando sua vida é reduzida a zero, em vez de retornar para o último ponto de salvamento automaticamente.

Outras pessoas podem tomar o controle da inteligência artificial no modo cooperativo de "Halo 5". Só que a desenvolvedora 343 Industries acabou com a graça de quem jogava as campanhas da série com amigos (as) ou familiares num mesmo console, com a tela da TV dividida. Agora, só on-line.

Esse é um dos pontos mais criticados pelos fãs, cuja reação negativa já levou a produtora a afirmar que vai trazer de volta o modo cooperativo off-line no próximo grande título da franquia.

Talvez a narrativa pouco robusta para os padrões de "Halo" se deva ao fato de que o novo game já tenha sido criado com uma sequência em mente, feito um longa-metragem dividido em duas partes. Os créditos surgem não na resolução, mas no momento de maior tensão da história, enquanto os títulos anteriores sempre tiveram um fim bem definido.

O que será dos nossos heróis frente a uma das maiores ameaças já enfrentadas pelo Universo? A gente descobre daqui a mais ou menos dois anos, quando o próximo "Halo" for lançado.

Mas "Halo 5: Guardians" também é um jogo de tiro em primeira pessoa. Ou seja, ele permite que você esqueça tudo isso enquanto derruba ou desintegra extraterrestres que impedem o sucesso de suas missões. Especialmente agora que o combate da série está mais veloz e dinâmico, no nível de outros jogos do gênero, como "Call of Duty" e "Destiny".

Os spartans também ganharam novas habilidades, como a de parar no ar momentaneamente para atirar e a de terminar um pulo com uma pancada de grande impacto no chão, que atinge todos os personagens ao redor. Isso ajuda a dar frescor às batalhas.

EM GRUPO

Todas as boas características de "Halo 5: Guardians" convergem no modo "multiplayer" competitivo on-line. Este, felizmente, não espelha nem um pouco as falhas apresentadas na coletânea "Halo: The Master Chief Collection" (2014). A coleção, que oferece os quatro primeiros títulos da série num só, irritou muitos por causa do péssimo desempenho nesse quesito.

O multiplayer de "Halo 5" traz modos de jogos clássicos, como rouba-bandeira e cada um por si. Mas o destaque vai para o modo zona de guerra, que reúne dois times adversários de 12 jogadores em mapas de grandes proporções.

As zonas de guerra ambientam partidas mais longas e inimigos de inteligência artificial. A vitória está nas mãos da equipe que destruir o núcleo da adversária ou fizer mil pontos, obtidos por meio da captura de bases ou da morte de oponentes.

Com servidores dedicados e rodando a 60 quadros por segundos, a experiência de multiplayer é fluida e fantasticamente linda –assim como a da campanha. Além disso, o sistema sempre trabalha para combinar o jogador com outros do mesmo nível. Funciona quase sempre.

HALO 5: GUARDIANS
DESENVOLVEDORA: 343 INDUSTRIES
PLATAFORMA: XBOX ONE
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