Folha de S. Paulo


O rei da internet agora é o dono do Snapchat, diz criador do Papelpop

Lionel Bonaventure - 2.jan.2014/AFP
Snapchat já soma 4 bilhões de vídeos assistidos diariamente
Snapchat já soma 4 bilhões de vídeos assistidos diariamente

O carioca Phelipe Cruz, 36, é criador do Papelpop, um dos maiores veículos de cultura pop do Brasil, com 20 milhões de visualizações de páginas e 2,7 milhões de visitantes únicos por mês.
Ele foi um dos palestrantes do YouPix Con, que aconteceu nesta quarta-feira (23), em São Paulo, e falou sobre como criar conteúdo na internet.

A Folha conversou com ele sobre esse e outros temas.

Qual o desafio de produzir um blog na era das redes sociais?

Phelipe Cruz - Esse é meu drama. As redes sociais se proliferaram em um nível absurdo. Depende da maneira que você vai conseguir usá-las. Antes o blog era uma rede social, agora é um site. Hoje em dia surgem várias novidades, como Periscope, Snapchat. Eu não acho que é importante estar em todas as redes sociais. Tem plataforma que não é o perfil da sua marca. Pinterest, por exemplo, não tem porque eu estar. Eu digo que são tentáculos da marca. Quando surgiu o Snapchat, a reação foi 'não acredito, mais uma'. O conteúdo não vai morrer nunca, ele só vai se agarrar para onde as pessoas estão indo. O Papelpop pode estar no Facebook, Instagram. Tem que acompanhar esse fluxo.

Como o jovem encara o blog?

A galera de 15, 17 anos não entra em site. Site para eles é o Facebook. Eles não sabem o que é uma homepage, um browser, um buscador. Até por isso é difícil dosar o que colocar em cada. Quando você joga um conteúdo no Facebook, vai atingir pessoas que não te seguem. Se postar Xuxa ou Ivete sangalo, então, atinge ainda mais pessoas.

Por que o Snapchat está se tornando um fenômeno?

Em breve vai ser a rede social mais utilizada. Eu percebo que as visualizações do Snapchat estão crescendo assustadoramente, é como se fosse um feed vivo de Instagram. As pessoas se fascinam pelo imediato, elas se sentem mais confortável em aparecer em um vídeo que é instantaneo e que em poucos segundos vai desaparecer. Vivemos na era do imediato, do agora. O Snapchat mostrar o lugar em que você está. No Instagram você pode pegar uma foto de meses atrás e postar como se fosse atual. O Facebook já percebeu a ameaça do Snapchat, tanto que tentou comprar e não conseguiu. O rei da internet agora é o Evan Spiegel [criador do Snapchat].

Qual o diferencial do Papelpop?

Temos uma comunidade muito forte. Quem entra lá tem que estar precisando do conteúdo que eu estou entregando, para voltar todo dia. Tento não fazer que nem um portal que fala "não vamos dar isso porque não vai dar audiência". Nós damos o que as pessoas gostam, independente da audiência. Ela é consequência. Como é um nicho de cultura pop, a audiência continua grande.

Por que o Papelpop deu certo e outros sites de cultura pop não?

Não dá para dizer que foi uma estratégia pensada, foi totalmente intuitivo, pelo jeito que eu me comunico. Eu tinha um blog bem amador e fiz o Papelpop para me profissionalizar. Minha infância e adolescência inteira foi consumindo música, cinema, televisão. Acabei atraindo pessoas que tinham o mesmo gosto no mundo do entretenimento. Minha audiência é formada por jovens de 18 a 24 anos. Entregamos a notícia de um jeito bem humorado, que atrai as pessoas.. É uma marca do Papelpop.

Que dicas você dá para quem está começando agora?

Nada vai acontecer da noite para o dia, é um investimento difícil de obter resultado. Virar um blogueiro não significa que você vai ganhar dinheiro. Primeiro, tem que investir naquilo que acredita que é original e que te dá prazer. A internet precisa de muita honestidade. Não pode enganar ninguém na internet. Eu comecei como um hobby, nunca achei que teria uma URL que as pessoas leriam.

Esse é o caminho que eu trilhei. Hoje em dia talvez precise de dinheiro, de três ou quatro pessoas. O Porta dos Fundos tinha muito dinheiro aplicado. Foi uma aposta certeira deles.


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