Folha de S. Paulo


Veja comparativo com smartphones 'chineses' baratos ou intermediários

Apesar da recessão brasileira e da desaceleração na China, a oferta de celulares de empresas chinesas por aqui só aumenta.

"O mercado brasileiro de smartphones está crescendo em taxas incrivelmente altas", diz Marcos Calliari, diretor da empresa de pesquisa Kantar Worldpanel.

A chamada penetração (proporção de telefones inteligentes sobre o total existente) saltou de 17% no fim de 2013 para 45% hoje, diz a empresa. "É uma oportunidade que deixa qualquer fabricante com água na boca", afirma Calliari.

Segundo o executivo, as fabricantes do país asiático –bancadas por gigantes locais– vendem celulares com preço 48% abaixo da média (por menos até de R$ 500, como o Redmi 2, da estreante Xiaomi), o que as favorece em um mercado "imaturo", com muitos usuários novatos. "Quem compra um smartphone pela primeira vez costuma optar pelo mais barato."

Ficha dos aparelhos

A Lenovo, gigante dos PCs, aposta no mercado local com a Motorola, marca que adquiriu em 2014.

A Asus, de Taiwan (oficialmente uma província chinesa), lançou no dia 20 seu segundo modelo no Brasil depois de o Zenfone 5 (de R$ 700) ter vendido 10 mil unidades só no dia do lançamento. Outra companhia que chegou recentemente por aqui é a Huawei.

"Antes, marcas chinesas eram associadas à baixa qualidade, o que não acontece mais", diz Calliari.

Até a pouco conhecida OnePlus, que faz só modelos caros, deve desembarcar no país em breve. "Ainda não temos uma data definida, mas o mercado é muito interessante", diz Eric Zarshenas, porta-voz da marca.

A desvalorização da moeda chinesa, o yuan, ainda não se manifestou no segmento, mas, segundo Calliari, deve ter pouca influência sobre o mercado brasileiro.

A companhia de pesquisa Gartner afirma que "o estado da economia brasileira é um em que não deve se beneficiar significativamente, se houver qualquer influência, pela desvalorização do yuan."

"Por causa do sistema de tributação brasileiro, só pode haver influências positivas [sobre a venda de smartphones] vindas da manufatura local; então a importação de smartphones, por mais que o preço esteja melhor, continua sendo desbancada pelas taxas", disse em e-mail à Folha.

Por outro lado, as vendas dos aparelhos "tradicionais" foram pouco impactadas pelos concorrentes mais baratos. "Por incrível que pareça, tivemos um número surpreendente de vendas de iPhone 6 [que custa R$ 3.499] e de Galaxy S6 [de R$ 2.999]", diz Leonardo Munin, analista do IDC.

Não é exato dizer que os celulares do comparativo (abaixo) são chineses, porque todos, salvo o OnePlus 2, são fabricados no Brasil.

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MOTO X PLAY

Divulgação

TELA 5,5 polegadas, 1.080p
REDE Dois chips 4G
MEMÓRIA 16 Gbytes, entrada para cartão; 2 Gbytes de RAM
PROCESSADOR Dois de quatro núcleos, 1,7 GHz e 1 GHz (Snapdragon 615)
CÂMERA 21 Mpixels (traseira); 5 Mpixels (frontal)
QUANTO R$ 1.399
ONDE motorola.com.br

A cada lançamento, fica clara a premissa que a Motorola tem seguido: maiores e melhores. Assim têm sido as atualizações de seus principais aparelhos, que chegam à terceira geração com telas maiores e melhorias internas.

Agora, no entanto, o topo de linha Moto X ganhou duas versões. O Moto X Play, com o mesmo preço da segunda geração (R$ 1.399), e o Moto X Style, com acabamento melhor e mais poder de processamento –ainda sem preço.

Câmera, tela e bateria são a evolução evidente. O Moto X Play mostra imagens com definição melhor e produz boas fotografias, problema recorrente no anterior. A bateria, com capacidade quase 60% maior, passa facilmente por dias de uso intenso. Há ainda duas entradas para chips e uma de microSD.

Mas tudo isso traz problemas de tamanho. O Play é perceptivelmente mais grosso e mais pesado que o Moto X de segunda geração, um incômodo aos que estavam acostumados ao smartphone com tela grande, porém fino. O acabamento ao redor, antes de metal, agora é de plástico.

A mudança na tela –antes, Amoled; agora, LCD– traz um efeito colateral indesejável. As notificações inteligentes, por limitação técnica, acendem toda a tela, em vez de um pequeno espaço. Perde-se elegância e discrição.

O desempate vai depender do preço que o Moto X de segunda geração passar a ser vendido. Para quem não liga para a câmera e não precisa de muito armazenamento, tende a ser um negócio mais vantajoso. (ALEXANDRE ARAGÃO)

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MOTOROLA MOTO G

Divulgação

TELA 5 polegadas, 720p
REDE Dois chips 4G
MEMÓRIA 8 Gbytes, entrada para cartão; 1 Gbyte de RAM
PROCESSADOR Quatro núcleos, 1,4 GHz (Snapdragon 410) C MERA 13 Mpixels (traseira); 5 Mpixels (frontal)
QUANTO R$ 899
ONDE motorola.com.br

O Moto G de terceira geração tem como forte o custo-benefício, imbatível na sua faixa de preço. A companhia resolveu ao menos parcialmente o problema da câmera, calcanhar de Aquiles de seus populares aparelhos, que nesta versão do celular faz registros bons, em vez de medíocres (mas ainda não está ao par com as dos topos de linha).

Outra notável melhoria é na bateria. O celular aguenta um pouco mais que um dia de uso –nos testes, até chegou ao fim de um com ainda pouco menos que a metade da capacidade gasta.

O aparelho estreou no Brasil o programa Moto Maker, de personalização na hora da compra, por meio do qual é possível optar entre diferentes capacidades de armazenamento e de memória RAM e a cor dos detalhes da sua carcaça e a função de sintonizar TV digital (os preços variam conforme as escolhas).

Nos testes, o processador foi lento para o uso de alguns aplicativos que podem ser considerados pesados, como o teclado SwiftKey (que funciona com o método swype, de desenhar sobre as teclas).

O fato de a Motorola tê-lo feito resistente à água (suporta, em teoria, imersões de até um metro de profundidade durante 30 minutos) é uma espécie de bônus. (YG)

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HUAWEI ASCEND P7

Divulgação

TELA 5 polegadas, 1.080p
REDE Um chip, 4G
*MEMÓRIA*16 Gbytes, entrada para cartão; 2 Gbytes de RAM
PROCESSADOR Quatro núcleos, 1,8 GHz (Kirin 910)
CÂMERA 13 Mpixels (traseira); 8 Mpixels (frontal)
QUANTO R$ 949
ONDE cissamagazine.com.br

A Huawei acerta ao oferecer uma alternativa à implacável moda dos celulares gigantes. Apesar da tela de tamanho considerável –5 polegadas–, o Ascend P7 é relativamente pequeno, bem fino (6,5 mm) e confortável de segurar.

Além disso, o acabamento em alumínio e vidro dá ao celular cara de topo de linha.

Mas é só aparência. O smartphone chinês até tem outros atributos acima da média de sua categoria –como a boa câmera frontal e a tela Full HD (1.920 x 1.080)– mas desliza no mais importante.

A começar pela lentidão irritante ao navegar e realizar tarefas simples no aparelho.

Como é usual, a alteração radical da interface do Android traz poucos, se algum, ganhos para o usuário e implica em atualizações de sistema mais demoradas. Quase um ano depois do lançamento da versão Lollipop 5.0, o P7 ainda vem com o KitKat 4.4 instalado.

Outro problema é a bateria, que, nos testes da Folha, durou menos que um dia de uso moderado.

Pelo preço, cerca de R$ 1.000, há alternativas melhores no mercado. (BRUNO FÁVERO)

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ONEPLUS 2

Divulgação

TELA 5,5 polegadas, 1.080p
REDE Dois chips 4G
MEMÓRIA 64 Gbytes, entrada para cartão; 4 Gbytes de RAM
PROCESSADOR 2x4 núcl., 1,6 e 1,8 GHz (Snapdragon 810) C MERA 13 Mpixels (traseira); 5 Mpixels (frontal)
QUANTO US$ 380 (R$ 1.363)
ONDE oneplus.net

Ainda não lançado no Brasil, o OnePlus 2 é um topo de linha vendido direto no site da fabricante por metade do preço de concorrentes como o Galaxy S6, com quem compartilha algumas características.

O celular peca na velocidade da câmera (que faz ótimos registros, em especial os no modo HDR, para cenas com iluminação muito díspar), um pouco lenta.

Pode-se dizer que dificilmente o design poderia ser mais acertado, dado seu preço. O OnePlus 2 é elegante e simples, ainda que difira evidentemente dos demais celulares grandes. Seu corpo é metálico, e a parte traseira é revestida com uma interessante textura de lixa, que evita que o celular deslize.

Diferentemente do seu antecessor (OnePlus One), que usava o sistema CyanogenMod, smartphone vem equipado com Android na versão mais recente, com leves alterações.

Um ponto fraco é a ausência de entrada para cartão microSD (a versão testada, com 64 Gbytes, dispensa o slot, contudo).

Uma característica que pode dividir a opinião de usuários é a entrada USB, que é de nova geração (tipo C).

Além de mais rápida, é reversível (não é necessário procurar o lado certo do cabo ao conectá-lo no celular ou na fonte de alimentação), mas incompatível com versões anteriores. Isso pode levar a situações em que o dono, por mais que esteja perto de uma tomada, não encontre um cabo capaz de carregá-lo. (YG)

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ASUS ZENFONE 2

Divulgação

TELA 5,5 polegadas, 1.080p
REDE Um chip 4G e um chip 2G
MEMÓRIA 16 Gbytes, entrada para cartão; 4 Gbytes de RAM
PROCESSADOR Quatro núcleos, 2,3 GHz (Intel Z3580) C MERA 13 Mpixels (traseira); 5 Mpixels (frontal)
QUANTO R$ 1.299
ONDE loja.asus.com.br

Grande, com traseira curvada e com acabamento em plástico brilhante, o celular da Asus é bom para quem quer chamar a atenção.

A ideia de manter os botões nas partes superior e traseira do aparelho, contudo, é ruim.

O amplo poder de processamento é ofuscado pela interface do sistema, modificada em demasia e com apps pré-instalados inúteis.

Para quem busca um aparelho intermediário, o Zenfone 2 –sucessor do enorme sucesso Zenfone 5– é muito competente, mas pode não ser a melhor opção.

Por R$ 100 a mais, pode valer mais a pena comprar um Moto X Play, que tem Android praticamente não modificado (o que quase sempre significa receber atualizações do sistema mais rapidamente), é mais fino e tem câmera e bateria melhores. (YG)

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XIAOMI REDMI 2

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TELA 4,7 polegadas, 720p
REDE Dois chips 4G
MEMÓRIA 8 Gbytes, entrada para cartão; 1 Gbyte de RAM
PROCESSADOR Quatro núcleos, 1,2 GHz (Snapdragon 410)
CÂMERA 13 Mpixels (traseira); 5 Mpixels (frontal)
QUANTO R$ 499
ONDE mi.com

Apesar do ótimo preço, o primeiro telefone lançado no Brasil pela líder no segmento na China tem aparência que dá pistas sobre seu baixo custo. A espessura é relativamente grande, e a traseira, toda de plástico, não engana; a conexão do cabo USB veio com uma imperfeição na unidade testada. O processador e a bateria deixam a desejar. (YG)


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