Folha de S. Paulo


Tempo gasto por brasileiro em páginas da web diminuiu, diz Google

Apesar de cada vez mais pessoas na internet –e de uma crescente importância do smartphone nesse processo–, o Brasil teve entre 2010 e este ano uma redução de 9% no tempo médio gasto por pessoa em páginas da web, segundo um estudo realizado com 1.200 pessoas divulgado pelo Google nesta terça-feira (25).

O tempo das visitas caiu de 4min30s para cerca de quatro minutos. A título de comparação, no Reino Unido foi encurtado em 12%, para 4min7s.

Segundo a empresa, isso é resultado de um aumento no imediatismo e também de uma expansão nas opções de fontes de informação na internet. "A comunicação on-line está se alterando nesse ambiente de abundância. Se a pessoa entra na página e não encontra o que quer, sai na hora e vai ver em outro lugar", disse Fabio Coelho, presidente da companhia no Brasil, durante um evento em São Paulo.

O fenômeno corre em paralelo ao incremento da porção de internautas no celular: havia 10 milhões de smartphones há cinco anos e, hoje, são 93 milhões, de um total de 117 milhões de pessoas na rede. Dos usuários da internet no celular, 74% fazem compras, e, destes, 33% compram usando o telefone.

O estudo foi realizado com 1.200 usuários de smartphone das classes A, B e C entre 14 e 54 anos nas regiões sul, sudeste, nordeste e centro-oeste de junho a agosto.

Coelho diz que parte das empresas não dá a importância devida ao chamado acesso "mobile". "Muitas vezes a companhia chama o [arquiteto] João Armentano ou outro desses caras bons para fazer a loja física, mas a virtual fica por conta do estagiário que começou a trabalhar na semana retrasada."

Os estabelecimentos também devem se atentar a esse imediatismo: 83% dos usuários de smartphone usam mecanismos de busca para buscar comércios ou serviços locais.

Segundo o executivo, há um grande movimento de sites e varejistas para tentar convencer o consumidor a baixar um aplicativo, o que nem sempre é produtivo. "Há um enorme 'hype' [burburinho] em torno de apps, mas os nossos smartphones [do público médio brasileiro] não suportam muitos deles, então o usuário começa a apagar para livrar memória."

A alternativa, então, seria a construção –ou a adaptação– de um site para que seja exibido melhor na telinha. O Google vem forçando esse processo, que chama de "revolução", por meio de medidas como o favorecimento de páginas adaptadas para o celular e com o fim do suporte ao software Flash, incompatível com a maior parte dos smartphones.

"Queremos provocar a mudança para que ela não seja mais lenta do que deveria ser e para que as empresas não percam essa oportunidade", diz o executivo.

Divulgação
Fabio Coelho, presidente do Google no Brasil, durante evento em São Paulo
Fabio Coelho, presidente do Google no Brasil, durante evento em São Paulo

O comportamento dos internautas brasileiros, fator central da pesquisa divulgada nesta terça, difere-se do resto do mundo pelo forte uso de redes sociais e também pela frenética pesquisa sobre compras, segundo a empresa.

"O que diferencia o brasileiro, mesmo, é o bolso apertado, que leva a mais comparações de preços e até processos de aprendizado alternativos", diz Coelho. Um exemplo dado é o de vídeos de aulas do ensino médio no YouTube, que angariaram 800 milhões de visualizações no Brasil.

Segundo Coelho, 80% dos brasileiros que acessam a internet pelo celular buscam informações sobre uma futura compra pelo celular.

Um outro estudo, realizado no primeiro trimestre pelas empresas Ogilvy e SurveyMonkey, mostra que os brasileiros são os mais propensos (42%) a promover uma marca on-line entre os 11 países que fizeram parte da enquete, com abrangência de 5.500 usuários de rede social. No Japão, só 1% disseram que o fariam; nos EUA, 19%.

A Folha teve acesso exclusivo aos dados da pesquisa, que deve ser divulgada nesta semana.

O país tem a segunda maior porção de usuários de rede social que curtiram um produto ou uma marca, com 94%, segundo a Ogilvy e a SurveyMonkey. Na China, são 96%; no Reino Unido, 73%; nos EUA, 75%.

GUERRA PELOS OLHOS

"A batalha pela conquista de corações, mentes e dinheiro [do internauta] é vencida ou perdida em minúsculos momentos de tomada de decisão", escreveu Sridhar Ramaswamy, vice-presidente-sênior de anúncios e comércio do Google, em estudo de junho.

Segundo a companhia, quase todos os usuários de celular no Brasil (94%) buscam informações enquanto realizam outra tarefa, como dirigir ou trabalhar. Em média, os usuários verificam seus telefones 86 vezes por dia.


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