Folha de S. Paulo


PlayStation terá redução 'significativa' no preço no Brasil, diz Sony

Com a recém-anunciada fabricação brasileira do PlayStation 4, que dará os primeiros frutos em outubro, a Sony diz que tornará seu videogame mais barato, apesar de não divulgar números.

"Em relação aos R$ 4.000 [preço de lançamento do console, em novembro de 2013], será significativamente mais barato", disse à Folha Anderson Gracias, diretor de games da Sony no Brasil.

Em relação ao preço pelo qual é encontrado o PS4 hoje em algumas lojas do país, entre R$ 2.000 e R$ 2.500, Gracias afirma que o novo valor sugerido será "competitivo", mas sugeriu que estará na faixa mais alta desse espectro.

Há dois anos, ele dissera que um valor "coerente" para a plataforma seria por volta de R$ 2.000. "Isso era com outro dólar, bem diferente", diz.

O preço, que será divulgado "mais próximo ao lançamento", está praticamente definido, conta Gracias, mas pode variar se houver uma flutuação "dramática" da moeda americana em relação ao real.

Christian Petersen/AFP
Visitante fotografa console e periféricos do PlayStation 4 durante a feira de games E3, em Los Angeles
Visitante fotografa console e periféricos do PlayStation 4 durante a feira de games E3, em Los Angeles

O produto será montado na Zona Franca de Manaus pela fornecedora Flextronics, empresa de Cingapura, e terá todos os componentes importados, principalmente da China.

A fabricação ainda não foi iniciada, mas "casará com um ótimo período para o varejo, já que outubro tem o dia das crianças e abre o terceiro trimestre, o mais importante" para as vendas, diz o executivo.

Gracias diz que a companhia japonesa consegue todos os benefícios fiscais previstos pelo PPB (Processo Produto Básico), que reduz dramaticamente a tributação de importação de componentes e a isenta do IPI (imposto sobre produtos industrializados).

Para se enquadrar na regra, contudo, a companhia se vale da linha de produção do PlayStation 3, videogame de geração anterior, que continuará com grande parte dos componentes feitos no Brasil (além da montagem).

A Sony lidera as vendas de videogames da atual geração, tendo comercializado cerca de 20 milhões de unidades de PS4, ante 10 milhões da Microsoft com seu Xbox One.

Com a discrepância em preço no Brasil (o Xbox One chegou por R$ 2.200 no país, ante os R$ 4.000 do console da concorrente), essa vantagem pode ter sido abalada regionalmente, apesar de as empresas não darem detalhes.

"O preço vai passar a fazer diferença, numa questão lógica, vai melhorar a venda. Mas ganhar 'market share' [participação de mercado em games] não é nosso objetivo, é só uma consequência", diz o executivo.

O PlayStation 4 dava prejuízo para a Sony mesmo com o alto preço, que gerou uma grande repercussão negativa quando de sua divulgação, e levou à divulgação da contabilidade pela fabricante japonesa pouco depois disso. A carga tributária final, diz a fabricante, ficava entre 60% e 70%.

Na entrevista, Gracias sugeriu que a venda de PS4 passou a dar lucro ou ao menos igualar seus custos de produção. "O PlayStation 4 foi deficitário por muito tempo para nós. Não saberia dizer se é rentável [hoje], essa é uma pergunta que você teria de fazer para o CEO [presidente-executivo]", diz.

Segundo ele, é rentável seu "ecossistema", que envolve licenças, vendas de acessórios e assinaturas de serviços como a PSN (rede para jogar on-line) e o PlayStation Plus, para baixar conteúdo adicional para alguns títulos e conseguir descontos em algumas compras.

Haverá muitos anos até que haja um sucessor para a plataforma, segundo Gracias. "O PS4 está praticamente ainda no seu segundo ano. Há elasticidade tecnológica [suporte a capacidades futuras por meio de atualizações de software] para muito tempo."

A Flextronics é a segunda maior montadora de eletrônicos do mundo, atrás da Foxconn, e tem como clientes também Apple, HP, Intel, Lenovo e Microsoft.

Em 2013, a Foxconn, que monta PlayStation 4 na China, foi acusada de forçar estudantes a trabalharem na linha de produção do console.

Segundo a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), a Microsoft investiu R$ 118 milhões na adaptação da fábrica da Nokia (empresa adquirida pela fabricante do Windows) para a produção de Xbox 360 e Xbox One. Foram gerados 364 empregos.

Antes disso, o Xbox 360 também era feito localmente pela Flextronics.

O repórter viajou a convite da Microsoft


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