Folha de S. Paulo


Artista vende reprodução de foto do Instagram por US$ 90 mil

Marco Scozzaro/Frieze
Fotos do Instagram na exposição do artista Richard Prince, na Frieze Art Fair, uma feira de arte em NY
Fotos do Instagram na exposição do artista Richard Prince, na Frieze Art Fair, uma feira de arte em NY

A questão dos direitos de imagem na internet causou polêmica em uma feira de arte em Nova York, nos EUA neste mês.

Richard Prince, um dos artistas mais influentes do mundo, expôs "screenshots" do Instagram, que foram ampliadas e impressas sem praticamente nenhuma alteração. A única mudança feita pelo artista foi inserir algum comentário na foto. A exposição foi chamada de New Portraits (novos retratos, em português).

Reprodução/Twitter
Imagemd do Instagram do grupo Suicide Girls, na exposição de Richard Prince
Imagem da conta do Instagram SuicideGirls com um comentário de Prince em exibição na feira de arte

As 38 imagens, que foram exibidas pela primeira vez na galeria Gagosian, em Nova York, no ano passado, são de famosas modelos, celebridades e, inclusive, de pessoas anônimas.

Prince não pediu autorização para os donos das contas do Instagram para usar suas fotos, impressas em telas de 1,8 m de altura, na Frieze Art Fair. Segundo o noticiário Vulture, poucas horas depois da pré-exposição, todas as imagens tinham sido vendidas, exceto uma.

Uma das mulheres, cuja foto foi exposta, Doe Deere, postou em sua conta do Instagram que sua imagem fora vendida por US$ 90 mil –as outras imagens também foram vendidas por esse preço, de acordo com o Vulture.

Deere escreveu: "Sim, é só uma screenshot (não é uma pintura) da minha postagem original. Não, eu não dei minha permissão e sim, o controverso artista Richard Prince a pendurou de qualquer jeito. Já foi vendida (por US$ 90 mil me disseram) durante a visita VIP".

Reprodução/Instagram
Postagem de Doe Deere no Instagram sobre sua foto na exposição de Richard Prince
Postagem de Doe Deere no Instagram sobre sua foto na exposição de Richard Prince

Em sua postagem, Deere,), diz que não vai ir atrás de Prince pelo uso de sua foto.

O artista também fez uso de imagens do Instagram do grupo SuicideGirls, um coletivo de modelos e performers. No site do grupo, sua fundadora, conhecida como Missy Suicide, escreveu um texto dizendo que vai vender as capturas de imagem do Instagram por US$ 90 e doar o arrecado para caridade.

Prince já causou polêmica com trabalhos anteriores. Em uma ocasião, ele publicou o livro "O Apanhador no Campo de Centeio" com seu nome na capa, ao invés do nome do autor J.D. Salinger.

Em 2008, ele foi processado por um fotógrafo após exibir 35 de imagens de seu livro "Yes, Rasta" com algumas alterações. Prince ganhou a disputa jurídica por seu trabalho ter envolvido a transformação do conteúdo original, não envolvendo a violação de direitos autorais, no entendimento da corte. Uma das imagens chegou a ser vendida por US$ 2,5 milhões, segundo o jornal britânico "The Guardian".


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