Folha de S. Paulo


Antivírus não seguem ritmo das pragas virtuais e têm até morte anunciada

"O antivírus está morto." A declaração não foi feita por um crítico da indústria de segurança da computação, mas, sim, por um de seus líderes. A frase é de Brian Dye, vice-presidente da Symantec, em entrevista ao jornal "The Wall Street Journal", no começo do mês –há 25 anos, a empresa em que ele trabalha vende esses programas.

Peça de marketing ou confissão involuntária, a frase levantou questionamentos sobre a atual situação dos programas para combater pragas virtuais. Eles ainda protegem nossas máquinas?

Na avaliação de Dye, o cenário é preocupante –os antivírus seriam capazes de detectar só 45% dos ataques.

Uma pesquisa divulgada no fim de abril pela associação brasileira de consumidores ProTeste reforça a tese. A entidade testou 16 pacotes de segurança (12 pagos e quatro gratuitos) e concluiu que a maioria deixa o computador desprotegido de alguma forma.

Ilustração Guilherme Darezzo/Editoria de Arte/Folhapress

Na análise, os computadores foram submetidos a uma amostra de 10 mil tipos de "malware" (programa malicioso) e 1.000 páginas infectadas na internet, entre outros testes.

No quesito "firewall", quase todos foram avaliados como "ruim" ou "fraco". Só três pagos, o Eset Smart Security 8, o Norton Security 2015 e o G Data Internet Security, passaram no teste. A principal função do "firewall" é evitar invasões ou conexões a máquinas ou redes suspeitas.

Na proteção de páginas infectadas, dez dos 16 pacotes foram mal avaliados. Ou seja, usuários da maioria desses programas estão sujeitos a ter o computador infectado apenas por abrir um site.

Receberam avaliações "ruim" ou "fraco" os antivírus Avast!, AVG, Avira (os três nas versões paga e gratuita), F-Secure Safe, G Data, Panda e Windows Defender do Windows 8.1.

A Avast! informou que está em contato com a Proteste para obter maiores detalhes sobre a metodologia da avaliação e se ofereceu para colaborar nos testes. AVG e F-Secure disseram que a ausência de detalhes sobre a metodologia inviabiliza o esclarecimento dos problemas apontados. O restante não se posicionou sobre o tema.

MERCADO NEGRO

"Os antivírus pararam de funcionar direito no final da década de 2000. A razão é o surgimento de mercados negros onde cibercriminosos podem negociar bens e serviços", afirma Ross Anderson, professor e pesquisador de engenharia da segurança da Universidade de Cambridge.

Nesses mercados, números de cartão de crédito estão à venda, "botnets" (redes de máquinas infectadas) podem ser alugadas e criminosos estão disponíveis para trabalhos que envolvem atacar e invadir máquinas.
Isso levou a uma especialização no desenvolvimento de pragas, que a indústria sofre para acompanhar.

Para detectar um programa como malicioso, uma das técnicas utilizadas pelo antivírus depende de assinaturas, que são como "impressões digitais" da praga. Para serem criadas, elas dependem de um analista humano.
"Só isso já cria um problema: milhares de programas maliciosos [novos ou mutantes] surgem diariamente, o que dificulta a análise manual", afirma André Grégio, pesquisador da Unicamp.

'BÁSICOS'

O antivírus é capaz apenas de detectar um programa malicioso para o qual a assinatura já foi criada. Enquanto o fabricante não obtiver e analisar uma amostra, não poderá criará uma vacina, diz.

Assim, os antivírus oferecem uma proteção muito básica, que costuma funcionar bem apenas contra pragas mais simples e conhecidas.

Por isso, George Ledin, professor de segurança da computação da Universidade de Sonoma (EUA), diz que a "proteção on-line não pode ser garantida", ou seja, não há programa capaz de proteger totalmente o usuário.
Grégio afirma que esses programas servem apenas como primeira barreira de defesa, e o usuário não deve acreditar que está imune a tudo.

*

Confira abaixo os programas que se saíram melhor no teste:

O MELHOR GRÁTIS
Avira Free Antivirus 2015

Além de alto índice de detecção de vírus nos testes (97,53%), o software da Avira foi bem avaliado no firewall (proteção contra possíveis invasões)
ONDE avira.com/pt-br

2º MELHOR GRATUITO
AVG AntiVirus Free 2015

Superou o concorrente Avast na quantidade de vírus detectados (97,66% ante 94,22%) e foi bem avaliado para a proteção on-line
ONDE free.avgbrasil.com.br

MAIS COMPLETO
Norton Security 2015

O mais barato entre os pagos só ganhou nota máxima no desempenho do firewall, mas foi bem em todos os aspectos. Na detecção de vírus, ficou atrás só dos software da G Data e da McAfee
QUANTO R$ 83,30
ONDE br.norton.com

MELHOR VACINA
G Data Internet Security 2015

Com 99,28% de detecção no teste, o software da menos conhecida G Data superou os tradicionais McAfee (99,18%) e Norton (98,9%). O software também ficou bem na proteção on-line
QUANTO US$ 40 (R$ 120)
ONDE gdatasoftware.com

CONTRA HACKERS
ESET Smart Security 8

Além da nota máxima nos quesitos firewall, proteção em tempo real e detecção de malware, o Smart Security custa menos que a maior parte dos programas testados
QUANTO R$ 90
ONDE eset.com.br


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