O Twitter vai anunciar nesta quarta-feira (8) que o escritório brasileiro passa a supervisionar toda a América Latina, com o atual diretor no país, o carioca Guilherme Ribenboim, 42, no novo cargo de vice-presidente para a região.
"A operação consolidada vai significar que nossa equipe na Argentina, por exemplo, não só fale em nome do mercado local, mas de toda a região", disse Ribenboim à Folha. "O anunciante não terá só um ponto de contato, e a gente poderá ver qual a melhor estratégia de como estender uma campanha para outros países."
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Guilherme Ribenboim, que assume como vice-presidente do Twitter para a América Latina |
Um novo escritório será aberto nos próximos dias em Miami para lidar com agências de publicidades e outros assuntos comerciais, num total de quatro unidades da companhia para a América Latina –há também um na Colômbia e um no México.
"A sinergia entre esses mercados [países latinos, com a mudança] e o aumento do nosso vão permitir que a gente traga mais recursos para o desenvolvimento dos produtos na região. Vai trazer mais atenção para o usuário daqui", disse.
A escolha do país, segundo Ribenboim, foi feita por causa da quantidade de usuários por aqui –ele não revela números absolutos, mas diz que o volume de pessoas cresceu 25% no país no ano passado. Contou também a "neutralidade" do brasileiro, se comparado à relação que tem um latino com outro vizinho.
"É um processo natural. É o maior mercado tanto em usuários quanto em oportunidades, e tem o papel de influenciar estratégias regionais", diz. "Claro que falar português, e não espanhol, cria algumas barreiras culturais, mas existe uma coisa bacana, que o mercado hispânico vê o executivo brasileiro como um executivo neutro."
A empresa emprega 63 pessoas no Brasil. Em todos os países da América Latina há "crescimento saudável" em usuários, mas a empresa se recusa a divulgar mais dados. No mundo, há 288 milhões de pessoas que usam o Twitter pelo menos uma vez por mês, segundo a empresa.
'MENOS AGUERRIDO'
Sobre o perfil de quem está na rede social por aqui, Ribenboim diz que o diferencial é uma menor agressividade no discurso em relação a usuários como os dos EUA.
"Mesmo quando o brasileiro lida com a política, lida com bastante humor. Ele não tem essa pegada politicamente aguerrida como outros povos."
A empresa enxerga características em comum em toda a América Latina, mas também peculiaridades. "O Brasil tem esse negócio do humor; já o argentino tem uma cultura um pouco diferente da nossa. [A maneira de uso] reflete em cada país suas características sociais."
"Há a questão de compartilhamento, de sermos muito sociáveis, algo inerente à cultura latina."
No país, 72% dos usuários estão em dispositivos móveis –no mundo todo, essa parcela é de 80%. Uma das principais formas de uso da plataforma é como "segunda tela", acompanhando e comentando programas de TV.
Ele diz que grande parte dos brasileiros na rede a usa só para ler. "A gente não é uma rede social, é uma rede de informações (social). É uma rede de conteúdo de interesse."