Folha de S. Paulo


Depois de bater recorde com iPhone, o que a Apple fará a seguir?

O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, diz que a demanda dos consumidores pelo novo iPhone vem se mostrando "avassaladora", e "difícil de compreender'. Isso ajudou a companhia a registrar resultados recorde em seu mais recente trimestre e levou suas ações a uma alta de mais de 7% na quarta-feira (28).

Mas depois de vender 74,5 milhões de iPhones, um novo recorde, no trimestre encerrado em dezembro, o que a Apple pode fazer a seguir?

Embora diversos analistas tenham elevado suas estimativas para a Apple, alguns ainda se preocupam por a empresa depender demais do iPhone, que contribui com dois terços de seu considerável faturamento –o que deixa a Apple vulnerável caso surja um aparelho que substitua o iPhone em termos de popularidade. Cook e Luca Maestri, o vice-presidente financeiro da Apple, no entanto, se declaram otimistas quanto aos demais produtos na linha da empresa. Eis algumas das coisas que eles disseram na terça-feira.

APPLE WATCH

Stephen Lam/Reuters
Relógio inteligente da Apple, o Apple Watch durante evento da companhia em Cupertino, Califórnia
Relógio inteligente da Apple, o Apple Watch durante evento da companhia em Cupertino, Califórnia

A Apple planeja começar a vender seu muito aguardado smartwatch em abril, disse Cook em conversa telefônica com analistas durante o anúncio dos resultados da empresa na terça-feira. Ele acrescentou que desenvolvedores estavam trabalhando em um novo app chamado "Glances" [vislumbres], aparentemente uma referência à maneira pela qual as pessoas olharão para o relógio em seus pulsos.

Cook alardeou já estar usando um modelo de teste, e se divertindo com ele. "Uso o relógio todos os dias, o adoro e não consigo viver sem ele", disse o executivo.

Ainda assim, alguns analistas dizem que é difícil prever a demanda para o Apple Watch. "Continuamos a acreditar que o interesse dos consumidores seja tépido", afirmou Gene Munster, analista da corretora Piper Jaffray, em recente nota a investidores.

APPLE PAY

A Apple lançou seu serviço de pagamentos digitais no final do ano passado, mas Cook prometeu na terça-feira que "2015 será o ano do Apple Pay". Ele disse que 750 bancos assinaram como parceiros, e que o sistema já responde por dois terços do dinheiro que troca de mãos por meio de sistemas de pagamento ditos "sem contato", em oposição a cartões de crédito lidos no local da compra.

Embora exista a impressão de que a Apple recebe dinheiro dos bancos quando os usuários empregam o Apple Pay, ela não revelou especificamente o faturamento do serviço. Colin Gillis, analista da BGC Partners, diz não antecipar que o programa faça "contribuição material para o faturamento da Apple no futuro próximo".

OUTROS APARELHOS

Divulgação
Mac Pro, desktop topo de linha da Apple que foi redesenhado em um formato cilíndrico
Mac Pro, desktop topo de linha da Apple que foi redesenhado em um formato cilíndrico

A Apple afirmou que as vendas de computadores Macintosh subiram em 9% no trimestre passado. A companhia elevou sua participação no mercado de computadores pessoais em um período no qual as vendas de computadores estão no geral em queda. A Apple já não reporta em separado os números de seus players digitais iPod.

Mas as vendas do iPad caíram em 22%. Mesmo assim, Maestri diz que pesquisas demonstram que os consumidores amam o iPad para navegar na Web e para as compras, e que novos apps desenvolvidos em parceria com a IBM criarão novos usos empresariais para o aparelho. O iPad "tem um futuro muito brilhante", acrescentou Cook, ainda que tenha acautelado que não espera mudança nas tendências de venda pelos dois próximos trimestres.

NOVOS MERCADOS

Reuters
Funcionário de loja da Apple em Wuhan, na China, mercado que deu força à empresa
Funcionário de loja da Apple em Wuhan, na China, mercado que deu força à empresa

A Apple anunciou que suas vendas haviam dobrado no Brasil, China e Cingapura no trimestre passado, a despeito da concorrência agressiva da sul-coreana Samsung e das chinesas Huawei e Xiaomi. Cook também alardeou o fato de que empresa viu número recorde de compradores de um primeiro iPhone e de ex-usuários de celulares Android que os estão trocando por aparelhos Apple, embora não tenha fornecido dados específicos.

No geral, a Apple reportou vendas de US$ 74,6 bilhões e lucro de US$ 18 bilhões no quarto trimestre, o que representa avanços de 30% e 38%, respectivamente, sobre o período em 2013. Com base nesses números, o analista Bill Kreher, da administradora de investimento Edward Jones, disse que elevaria suas projeções para a empresa este ano.

Mesmo assim, ele acrescentou, o fato de que a Apple continua batendo recordes "certamente tornará mais difícil para eles superar as expectativas".

As ações da Apple ultrapassaram a marca dos US$ 118 na quarta-feira, e mais tarde caíram ligeiramente, ante um fechamento de US$ 109,14 no dia anterior.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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