Folha de S. Paulo


Brasil ainda é um mercado importante para a Nintendo, diz diretor

A Nintendo encerrou nessa sexta-feira (9) a distribuição de seus produtos oficialmente em território brasileiro. Segundo a empresa, as altas tarifas de importação do país tornaram seu modelo de negócios insustentável.

Mesmo assim, para Bill Van Zyll, diretor e gerente-geral para América Latina da Nintendo, o país continua sendo "um mercado importante" para a companhia. Confira os principais trechos da conversa do executivo com a Folha.

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Folha - Quais foram os principais motivos que levaram a Nintendo a desistir de distribuir produtos no Brasil?

Bill Van Zyll – Nós temos um modelo de distribuição que é um modelo por importação, mas ele simplesmente não é mais sustentável. Os custos de importação no Brasil são muito altos, e isso encarece muito o preço dos nossos produtos no mercado.

Por que a empresa nunca investiu em uma fábrica no país?

Na verdade, é algo que já chegamos a avaliar mais de uma vez. No entanto, para o futuro imediato, seria algo impossível por muitos e diferentes motivos. Mesmo assim, continuaremos considerando a possibilidade.

Existe uma previsão para que a companhia volte a vender jogos e consoles em território brasileiro?

No momento, o máximo que eu posso te dizer é que estamos monitorando o ambiente de negócios do país junto à Gaming for Brazil [empresa parceira que distribuia os produtos da Nintendo no Brasil] e avaliando a melhor maneira de servir os fãs brasileiros no futuro.

A Nintendo não esteve presente nas duas últimas edições da Brasil Game Show (BGS). Por quê?

A Nintendo analisa sua presença nos eventos internacionais caso a caso, dependendo dos hardwares e softwares que serão apresentados. Em 2012, nós participamos da BGS, e nos dois anos seguintes não, mas isso não quer dizer que nunca mais iremos participar.

Por que o Wii U, lançado no Brasil em 2013, não possuí até hoje uma versão brasileira de sua loja virtual?

Isso remonta a um problema que enfrentamos com a loja virtual do Nintendo 3DS há mais ou menos um ano. Aconteceram mudanças na regulamentação de cartões de crédito internacional de alguns bancos do Brasil que prejudicaram a experiência dos nossos consumidores com a eShop do 3DS. Por conta disso tudo, resolvemos adiar o lançamento da loja virtual do Wii U.

Sony e Microsoft enfrentaram o mesmo problema com suas lojas, mas encontraram soluções em poucos meses. Por que, na Nintendo, ele persistiu?

É um problema que estamos estudando para solucionar, mas enfrentamos dificuldades devido a algumas estruturas particulares das nossas lojas virtuais.

Muitos fãs têm dito que a Nintendo 'não se importa com o Brasil'. O que você acha disso?

Eu não concordo. Temos a consciência de que possuíamos uma grande gama de fãs que amam a Nintendo no Brasil, e devo dizer que o país continua sendo um importante mercado para a companhia.

Colaborou ALEXANDRE ARAGÃO


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