Folha de S. Paulo


Só 0,5% das conexões brasileiras estão aptas para vídeo 4K, diz estudo

Somente 0,5% das conexões brasileiras tem velocidade suficiente para receber vídeos no padrão 4K, de definição ultra-alta e o próximo passo depois do atual Full HD, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (8) pela Akamai, empresa de infraestrutura de internet.

Ainda segundo o estudo, que diz respeito ao terceiro trimestre do ano passado e que é feito pela companhia americana a cada três meses, só uma a cada quatro conexões fixas no Brasil (consideradas as residenciais e corporativas) pode ser classificada como de banda larga (acima da velocidade de 4 Mbps, no critério da empresa).

A taxa média da internet do Brasil no período foi de 2,9 Mbps, o que significa 9,5% de crescimento em relação a 2013, mas que não evitou que o país perdesse uma posição na classificação mundial, para a 90ª. A média global é de 4,5 Mbps; a da líder Coreia do Sul, de 25,3 Mbps.

O critério de aptidão para fazer streaming (receber) de 4K é ter velocidade de 15 Mbps ou superior. Nos EUA, 19% das conexões enquadram-se nesse critério; na Argentina, 1%; no México, 0,9%; no Chile, 0,8%.

O relatório analisa 246 países conectados à Akamai, que tem cerca de 150 mil servidores no mundo. Segundo Jonas Silva, executivo da empresa na América Latina, a estimativa é que entre 15% e 30% da internet como um todo são contemplados no estudo.

Há pouco conteúdo no padrão 4K atualmente, mas ele é a aposta das fabricantes de TV e dos estúdios. Nos EUA, o Netflix e o serviço de streaming de vídeo da Amazon oferecem vídeo nessa resolução. "Estamos a uns três anos do 4K", diz Silva.

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O relatório aponta que a velocidade global das conexões cresceu 25% em relação ao período correspondente de 2013, mas caiu 2,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Segundo Silva, isso pode ser atribuído a um teto encontrado pelos consumidores nos países desenvolvidos –que deixaram de buscar planos mais rápidos de banda larga pelo fato de o atual bastar– e de um problema estrutural nos em desenvolvimento.

"É óbvio que as provedoras [brasileiras] têm interesse em oferecer fibra ótica, maior velocidade, mas falta capital", diz Silva. "Não só capital financeiro, mas também humano: você não encontra técnicos em fibra ótica em qualquer esquina. Isso no Sudeste, que dirá Norte, Nordeste."

No Brasil, os 25% das conexões fixas considerados de banda larga representam incremento de 22% em relação a 2013.

A definição de banda larga varia conforme a organização ou grupo –não há número oficial, mas velocidades a partir de 256 kbps já foram consideradas banda larga. O PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), do governo federal, tenta levar internet a 1 Mbps ao país inteiro por preço considerado acessível (R$ 35).

NO CELULAR

No Brasil, 1,2% das conexões feitas por dispositivo móvel pode ser considerado de banda larga (4 Mbps), segundo a Akamai. A média da velocidade no país é de 1,5 Mbps, atrás de Venezuela (6 Mbps), Uruguai (2,4 Mbps), Colômbia (2,1 Mbps) e Chile (1,8 Mbps), mas à frente da Argentina (1,3 Mbps).

Nos EUA, essa média é de 5,8 Mbps. A líder global também nesse aspecto, a Coreia do Sul, tem média de 18,2 Mbps.


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