Folha de S. Paulo


Desenvolvedores querem estande único de indies brasileiros na BGS 2015

Anderson Leonardo/Folhapress
Estandes do pavilhão de desenvolvedores independentes brasileiros da BGS 2014
Estandes do pavilhão de desenvolvedores independentes brasileiros da BGS 2014

Um pouco longe dos estandes gigantescos de empresas como Microsoft e Sony na Brasil Game Show deste ano, desenvolvedores independentes brasileiros expõem seus trabalhos em estruturas mais modestas.

É a primeira vez que a BGS, agora em sua sétima edição, reserva um espaço do Expo Center Norte para os indies nacionais, que não costumam contar com o orçamento ou o marketing pesado dos títulos "blockbusters", mas possuem mais liberdade de criação artística e intelectual.

Para os desenvolvedores que investiram pelo menos R$ 3.000, segundo a organização da feira, num cubículo de exposição, o pavilhão indie é uma oportunidade importante para obter visibilidade para seu projeto.

"Até então nossa base de jogadores era formada por familiares e amigos", contam, animados, Davi Costa e Daniel Bittencourt, cocriadores do jogo de quebra-cabeças "Dig A Way", que chega em novembro a Android e iOS. "Essa é a primeira vez que trazemos o game ao público."

Se a experiência de visitante serve de medidor, no entanto, é bem mais fácil caminhar sem esbarrar em alguém no pavilhão indie. A multidão se concentra na entrada da feira, onde os estandes dos "blockbusters" se encontram.

Vitor Leães, produtor do game de aventura "Toren" (que arrecadou R$ 300 mil pela lei Rouanet, de incentivo à produção cultural nacional) acredita que essa dinâmica seja um reflexo do mercado. "O grande público quer consumir grandes títulos. Poucos têm o espírito de exploração para descobrir novos jogos."

Essa questão, além do custo, foi um motivo pelo qual Leonardo Zimbres preferiu não investir num espaço da feira brasileira. "A visibilidade de jogos indies no Brasil não traz tanto retorno quanto poderia trazer, comparado com a de eventos-chave do exterior", diz.

Zimbres já passou pela Behold Studios (um dos estúdios mais populares do cenário indie brasileiro, criador de "Knights of Pen and Paper" e "Chroma Squad") e agora desenvolve um game de tiro estratégico chamado "Dog Duty", previsto para o fim de 2015, para PS3 e PS Vita.

UNIDOS

Os desenvolvedores indies brasileiros esperam que, nos próximos anos, a BGS possa reproduzir o conceito já aplicado em outras feiras de jogos fora do Brasil, como a PAX (Penny Arcade Expo) e a Tokyo Game Show. Segundo o qual todos eles compartilhariam uma mesma estrutura, mais robusta, situada ao lado dos estandes das gigantes da indústria.

"Seria um grande estande independente providenciado pela feira e cobrado de acordo, para que assim tenhamos mais visibilidade e não fiquemos no canto", afirma Diego Leão, que expõe na BGS o remake de "Pier Solar and the Great Architects", lançado originalmente em 2010 para Mega Drive e agora disponível para PS4, PS3, PC, Mac, Linux e Ouya.

Divulgação
Cena do jogo
Cena do jogo "Pier Solar", originalmente lançado para Mega Drive em 2010

Marcelo Tavares, criador e organizador da BGS, afirma estar disposto a discutir essa possibilidade para edições futuras, "desde que haja um volume [considerável] de estúdios participantes".

"Os criadores que não estão aqui não enxergaram a feira como uma oportunidade", complementa. "Para você crescer, precisa ter coragem, ousadia. É o que o evento teve neste ano."

A Brasil Game Show termina no domingo (12). A organização espera que mais de 250 mil pessoas visitem a feira em São Paulo –100 mil a mais do que o público do ano passado. Ontem, um novo lote de ingressos para o fim de semana foi liberado.


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