Folha de S. Paulo


Intel 'corre atrás' de rivais em novas áreas de negócios

Depois de chegar atrasada e ver rivais como a ARM e a Qualcomm dominarem o mercado de smartphones, a Intel está decidida a não repetir os mesmos erros.

A gigante dos chips começa a apostar em áreas em ebulição, que aparecem com potencial para repetir o sucesso dos celulares inteligentes. Entre elas estão a computação vestível, a internet das coisas e a robótica.

Os computadores vestíveis (ou "wearables"), equipamentos que tomam forma de roupas e outros acessórios, são tema do momento entre os gigantes da tecnologia -Google, Samsung e Sony já fizeram incursões no setor.

A consultoria Credit Suisse acredita que nos próximos dois ou três anos esse seja um mercado com valor entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões. Desde janeiro deste ano, a Intel vem dando sinais de que quer ter participação ativa nessa festa.

Nos últimos meses, ela já apresentou protótipos e designs de referência (uma espécie de guia para que fabricantes desenvolvam seus próprios dispositivos) de peças como relógio e camiseta inteligentes -além de um acessório de ouvido batizado de "Jarvis", que funciona como assistente virtual de voz, feito a Siri, da Apple.

Editoria de Arte/Folhapress

Em março, a companhia comprou a Basis Science, empresa especializada em pulseiras inteligente, como a Gear Fit, da Samsung. Segundo o site especializado "TechCrunch", o valor do negócio foi de US$ 100 milhões.

A aquisição é significativa sob vários ângulos. Primeiro, a Intel não é uma empresa que faz muitas compras -em 2012, por exemplo, ela não adquiriu nenhuma companhia. Segundo, a Intel raramente compra empresas ligadas ao consumidor comum -o último negócio do tipo foi em 2010, quando levou a empresa de segurança McAfee.

Por fim, a companhia não está acostumada a adquirir empresas de hardware -as últimas cinco aquisições antes da Basis foram de empresas de software.

Para a empresa, porém, os vestíveis são apenas parte de um negócio ainda mais apetitoso: o da internet das coisas. A expressão é usada para indicar as conexões feitas à rede por qualquer tipo de objeto ou maquinário com chips e sensores -desde camisetas e relógios inteligentes a turbinas de avião e cancelas de estacionamento.

Um estudo da fabricante de componentes Cisco indica que 50 bilhões de "coisas" estarão conectadas até 2020. A consultoria IDC estima que em seis anos esse será um mercado de US$ 7,1 trilhões.

"São números que indicam que a nossa companhia pode dobrar de tamanho", diz Fernando Martins, diretor executivo da Intel no Brasil.

No campo, a Intel vem desenvolvendo diferentes projetos, de cidades inteligentes a chips que podem ser conectados a roupas de bebês.

Os resultados já estão aparecendo: em seu último trimestre fiscal, anunciado no último dia 15, a nova divisão de internet das coisas teve lucro de US$ 155 milhões.

A divisão voltada para celulares teve prejuízo de US$ 1,12 bilhão.


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