Folha de S. Paulo


Pirataria no Brasil deve cair com o crescimento do Spotify, diz a empresa

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Gary Liu, diretor do Spotify Labs, palestra no YouPix em São Paulo
Gary Liu, diretor do Spotify Labs, palestra no YouPix em São Paulo

O crescimento do Spotify após seu lançamento no Brasil, em maio passado, deve interferir na queda dos índices de pirataria no país. É o que acredita Gary Liu, diretor do Spotify Labs, central de inteligência do maior serviço de streaming de música por demanda do mundo.

O executivo palestrou nesta sexta-feira (18) por cerca de uma hora no YouPix, festival sobre internet e cultura digital que acontece até sábado (19) em São Paulo.

Segundo ele, em países nos quais o serviço já funciona há pelo menos dois ou três anos, os níveis de pirataria entraram em queda. Na Suécia, desde o lançamento do Spotify, há oito anos, o declínio na pirataria no país foi de mais de 30%, diz Liu.

"Eu acredito que as pessoas tendem a fazer o que quer que seja mais fácil e mais barato. O nosso objetivo no Spotify é construir um produto que tenha o mesmo preço da pirataria –de graça–, mas seja mais fácil e melhor."

MÚSICA BRASILEIRA

O Spotify foi o último entre os maiores serviços de música on-line por assinatura a chegar no Brasil –Rdio e Deezer já funcionavam antes no país. A justificativa para isso, de acordo com Liu, foi a busca por músicas locais que pudessem ser adicionadas a seu catálogo.

Ele afirma que o serviço só foi lançado depois que um número suficiente de canções consideradas populares estavam disponíveis no aplicativo. Apesar disso, admite que ainda há determinados tipos de música brasileira que não fazem parte do acervo do serviço.

"Estamos trabalhando intensamente para conseguir ampliar o número de músicas e alcançar ainda mais canções independentes, por exemplo. Nosso objetivo é ter em breve todos os tipos de música brasileira no Spotify."

A empresa não divulga quantos usuários já alcançou no Brasil em quase dois meses de operação, mas afirma que antes de lançar a plataforma no país recebeu mais de 400 mil solicitações de brasileiros solicitando convites para o uso do produto.

"Desde que lançamos temos tido um crescimento muito relevante no Brasil, estamos muito animados com o nosso crescimento por aqui".

Reprodução
Cena do vídeo de anúncio do Spotify
Cena do vídeo de anúncio do Spotify

PLANOS FUTUROS

Um dos planos da empresa para se manter no topo dos serviços de streaming de música é usar os dados que possui sobre os usuários para oferecer personalização na ferramenta. O objetivo, segundo Liu, é saber o que cliente quer ouvir sem que ele precise fazer buscas no aplicativo.

"Nossa ideia é que ao final do dia o Spotify saiba o que você quer ouvir sem que você precise dizer nada para ele."

De acordo com Liu, a empresa possui muitos dados sobre seus usuários, incluindo que tipo de música ouvem, a hora em que escutam e por qual motivo estão acessando aquela canção, por isso poderão ser capazes de "adivinhar" o desejo de seus clientes.

"Em função dos nossos dados podemos saber que se você acessa o Spotify às 6h há uma probabilidade muito grande que você esteja fazendo isso porque irá sair para correr, então nós devemos ser capazes de te oferecer músicas que auxiliem na sua corrida".

Além disso, também está entre os planos da companhia o lançamento do serviço em mais países, a fim de que "todos tenham acesso à música em qualquer lugar".

Para o Brasil, especificamente, Liu acredita que existem três desafios específicos no país. Além da pirataria em primeiro lugar, há, segundo ele, a característica de que os brasileiros que pagam por música gostam de ter as canções consigo, seja fazendo o download do arquivo ou comprando o CD.

Outro ponto, é a necessidade de ter um grande acervo de música local.

"Nossa estratégia será ter certeza de que nosso produto resolva todas essas três questões para os brasileiros. Queremos que ele saiba que a pirataria é muito complexa, que comprar música não faz sentido quando se tem acesso a tudo pelo aplicativo e que temos todo acervo de música brasileira."

No futuro, Liu acredita que serviços como o Spotify serão capazes de fazer com que o mercado fonográfico volte a ser fortemente lucrativo. Isso será possível, segundo ele, também a partir da criação de novos formatos e conceitos de música, além da conexão global entre eletro-eletrônicos pela internet das coisas, o que tornará a música constantemente presente na vida das pessoas.


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