Folha de S. Paulo


Em expansão nos tablets, quadrinhos atraem ao ganhar som e movimento

Tudo aquilo que pode ser digitalizado –como músicas, filmes e livros– migrou do mundo físico para o digital. Com as revistas em quadrinhos, o processo também está acontecendo.

Assim como o iPod incentivou os downloads de arquivos MP3, a mudança no universo dos gibis ganhou força, há quatro anos, por conta de uma classe específica de dispositivos, quando o primeiro iPad deu origem aos tablets.

Desde então, o mercado de quadrinhos digitais está em plena expansão. Em 2011 e 2012, apresentou taxa de crescimento de 300% em todo o mundo, segundo a "ICv2", publicação americana que monitora o setor.

Magenta King

"Coleciono e leio quadrinhos desde os 10 anos. Não compro uma edição física com regularidade há uns dois ou três, enquanto a biblioteca digital vai crescendo em progressão geométrica", conta Gustavo Vieira, 36, editor do site Espinafrando.com, guia de quadrinhos digitais e cultura pop.

O segmento existe desde o final da década de 1990, mas o que mudou desde a chegada dos tablets?

Primeiro, há o próprio formato do aparelho, muito próximo ao de uma revista, o que melhora a vida de quem antes podia ler só no PC. Em seguida, vem a tela, que realça cores (revistas físicas estão sujeitas a impressões ruins), permite leitura no escuro e tem funções como zoom.

Além disso, há a questão da conveniência. É mais fácil comprar e armazenar as publicações —um fã de quadrinhos não se contenta com uma ou duas revistas, comprando centenas, milhares.

Isso sem contar a introdução de novos elementos, que mudam a experiência de ler gibis, como a leitura guiada (um quadrinho por vez) e a inclusão de som e animações.

"A sensação de ler em papel ainda é insuperável, mas o tablet acaba sendo bem mais prático e tem mais recursos", afirma Vieira.

NOVOS NEGÓCIOS

O potencial de crescimento dos quadrinhos digitais atiçou a sanha infinita da Amazon de vender toda e qualquer coisa. No final de abril, a gigante abocanhou, por uma quantia não revelada, a Comixology, maior loja da internet do ramo.

No ano passado, foi o aplicativo de maior receita para iPad desconsiderando games (e 11º no ranking geral). Em quatro anos de existência, entregou 6 bilhões de páginas de quadrinhos aos leitores e, atualmente, comercializa mais de 50 mil títulos de 75 editoras diferentes.

Além dos números da loja, a Amazon deve ter levado em conta as previsões de vendas de tablets no mundo.

A consultoria Yankee Group calcula que 560 milhões de tablets serão vendidos no ano que vem –em 2017, espera 1 bilhão. Já o Gartner estima que o comércio de pranchetas superará o de PCs e notebooks até 2015.

Editoria de Arte/Folhapress

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