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Diretor de conteúdo de 'Watch Dogs' diz que jogo não é ficção científica

Quando "Watch Dogs" começou a ser projetado, há cinco anos, a intenção da equipe era desenvolver uma história futurista sobre hackers e espionagem, mas sem ser ficção científica. "Nós estudamos a cultura hacker por anos", diz Thomas Geffroyd, diretor de conteúdo do jogo.

Confira os principais trechos da conversa do executivo com a Folha.

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Folha - Como surgiu a ideia de explorar a tecnologia como tema central do jogo?

Thomas Geffroyd – Nós tínhamos como objetivo fazer um jogo em que a cidade fosse um ambiente para a gameplay, e não apenas um cenário de fundo no qual você desenvolve suas atividades. Aprofundamo-nos então no conceito de cidade inteligente, como as cidades e seus habitantes estão sendo transformados em números e dados, e achamos o tema fascinante.

"Watch Dogs" é um futuro possível?

Não, "Watch Dogs" é um presente possível. Nós não queremos ser sci-fi, isso seria fácil. Tudo no jogo é real. Todos os hacks são baseados em conceitos reais. Estudamos durante anos a cultura hacker e o conceito de cidades conectadas. Foi por isso que escolhemos Chicago, que é a cidade mais conectada e com o sistema de segurança mais avançado dos Estados Unidos.

A única coisa que ainda não existe é a ctOS [sistema operacional que integra todos os aparelhos tecnológicos da cidade no jogo], mas se você pensar bem, ela não é exatamente uma ficção. Para mim, faz sentido que nos próximos anos um sistema de dados centralizado regule as cidades. Temos sofrido em cidades grandes por anos (você vive em São Paulo, então sabe do que eu estou falando), e algo como a ctOS seria capaz de otimizar a vida nestes lugares.

Muita gente compara o "Watch Dogs" com a série "GTA", da Rockstar. O que a Ubisoft acha disso?

Eu entendo a comparação, mas são experiências diferentes. "GTA" é para descontração. Nós esperamos que as pessoas joguem "Watch Dogs" com outra cabeça, porque nós trabalhamos duro para levar realidade para o jogo. A única semelhança é o fato de os dois serem jogos de mundo aberto com cidades como cenário. "GTA" é ótimo em criar cidades ricas com cultura, referências pop etc. Nós estamos mais preocupados em usar a cidade como parte da história.

Nós esperamos que, após jogar "Watch Dogs", as pessoas pensem duas vezes antes de fazer certas coisas na internet ou em seus telefones. Queremos que as elas se questionem: "O que sou eu, como humano, no meio de todos esses dados? O que significa exatamente este termo de compromisso que acabei de aceitar?"

Me fale um pouco sobre o protagonista do jogo, Aiden Pierce. No que vocês se inspiraram para desenvolver sua personalidade?

Quando começamos a desenvolver a trama, sabíamos que a tecnologia seria uma parte importante, mas este não era o nosso foco. Queríamos falar sobre seres humanos, sobre as pessoas que vivem neste mundo conectado, como nós mesmos vivemos.

Com isso em vista, tentamos dar ao Aiden motivações humanas para cumprir seus objetivos, e entramos no tema familiar. Então, o objetivo dele é pegar as pessoas que mataram sua sobrinha.

A campanha do modo single player terá quantas horas de jogo?

Entre 30 ou 40 horas, mas para fazer tudo o que "Watch Dogs" oferece o jogador vai levar mais de cem horas. Existem muitos jeitos de se aproveitar este universo, com missões alternativas, minigames, modo multiplayer, e fazer tudo isso é importante para desbloquear habilidades e ganhar dinheiro no jogo, entre outras vantagens.

Podemos ficar na expectativa de um possível "Watch Dogs 2"?

Com toda a certeza.

Colaborou ALEXANDRE ORRICO


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