Folha de S. Paulo


Tribunal iraniano intima Zuckerberg a depôr sobre privacidade

Kimberly White/Reuters
Mark Zuckerberg deverá comparecer perante a corte ou enviar um advogado para se defender
Mark Zuckerberg deverá comparecer perante a corte ou enviar um advogado para se defender

Um tribunal do sul do Irã determinou nesta terça-feira (27) que o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, compareça para prestar esclarecimentos sobre supostas violações de privacidade cometidas no Instagram e no Whatsapp, que agora pertencem à empresa.

Conforme informações divulgadas pela agência semioficial de notícias iraniana Isna, a sentença também prevê o bloqueio de ambas as redes sociais.

O Facebook, além do Twitter e do YouTube, já é proibido pelo regime iraniano.

O diretor-adjunto da divisão de internet do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do Irã, Ruhollah Momem Nasab, afirmou, ainda conforme a Isna, que Zuckerberg ou um advogado dele devem "se defender perante a corte ou compensar as vítimas pelos danos causados, como em qualquer lugar do mundo."

"Ouvi de um amigo: vamos mandar uma passagem pro Zuckerberg. Coitado, ele só não vai porque não pode pagar", brinca o ativista Seyed Aliakbar Mousavi. "[Essa decisão] é risível."

O regime iraniano, concorda Mousavi, não espera que Zuckerberg desembarque no país nem que os EUA o prendam.

"O que eles querem é mandar uma mensagem aos usuários, dizendo que essa é a consequência de usar o Facebook, de escrever coisas contrárias à agenda deles", esclarece Mousavi, que foi parlamentar no Irã de 2002 a 2004 e deixou o país em 2009, depois de ser preso durante um protestos pela igualdade de direitos entre os gêneros.

"Para um menino de 18 anos, por exemplo, dizer que ele pode passar 20 anos na prisão por escrever algo é pesado", diz.

O presidente do Irã, Hasan Rowhani, que é moderado, é contra o bloqueio de sites. Recentemente, ele defendeu que as autoridades do país vejam a internet "como uma oportunidade". "Por que não confiamos na nossa juventude?", disse, segundo a agência oficial de notícias Irna.

Rowhani também desafiou os aliados do líder supremo do país ao vetar uma proibição ao Whatsapp.

Parte dos ministros de Rowhani, como o chanceler Mohamad Zarif, e o ministro da Cultura, Ali Yanatí, possuem contas no Facebook e no Twitter.

Entre as artimanhas usadas para driblar o veto iraniano estão programas antiflitro, VPN (acesso remoto) e navegadores seguros que fornecem outros endereços de IP.

Com agências de notícias

A jornalista viajou a convite do governo da SuéciaA jornalista viajou a convite do governo da Suécia


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