É irônico que Mario, um dos ícones máximos dos videogames e parte importante da cultura pop mundial, esteja sempre no encalço de moedas de ouro em todos os games que estrela.
Agora é a Nintendo, casa do mascote bigodudo, que precisa pular, rodopiar e correr atrás de dinheiro se quiser conservar a própria vida no competitivo mercado de jogos eletrônicos.
A companhia japonesa anunciou o terceiro ano consecutivo de prejuízo financeiro neste mês. "Publicar um prejuízo operacional para o quarto ano fiscal seguido será algo inaceitável", disse Satoru Iwata, presidente executivo da empresa, após a divulgação do rombo de mais de R$ 1 bilhão referente ao ano fiscal de 2013.
Apesar do péssimo momento, a fabricante japonesa não enfrenta perigo existencial iminente. A Nintendo tem bilhões em caixa, dinheiro suficiente para sobreviver a alguns anos de prejuízo.
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Mas um sinal amarelo está aceso desde o lançamento do Wii U, última geração do console de games da empresa que vem encalhando nas lojas de todo o mundo.
As vendas –cerca de 6 milhões de unidades, um dos números mais baixos da história para um produto da empresa–, foram consideradas oficialmente um fracasso, e a recuperação pode tardar. "O sucesso de uma plataforma de jogos leva tempo para ser construído, e mais tempo ainda para reconstruí-lo em caso de falha", disse Iwata.
Como mudança de estratégia, a empresa anunciou que planeja desenvolver consoles e games específicos para mercados emergentes, como a China, que recentemente liberou o comércio de plataformas de games importadas no país. Procurada pela *Folha,* a Nintendo não informou se o Brasil está na lista de lugares que receberão os novos consoles e jogos.
A concorrência é feroz: de um lado, Xbox One e PlayStation 4 têm todo o poderio de Microsoft e Sony, que podem deslocar recursos de outras áreas da empresa para apoiar o setor de entretenimento; do outro, estão os cada vez mais populares jogos para celulares e tablets.
Nascida em 1889 como uma empresa que vendia um tradicional jogo de cartas conhecido como Hanafuda, a Nintendo teve que se reinventar diversas vezes para manter a relevância. Nos anos 60 o então executivo-chefe da companhia tentou investir em outras áreas, como uma rede de TV e até em motéis, e quase fez a empresa falir.
Depois a Nintendo abandonou as cartas para vender brinquedos eletrônicos e, posteriormente, videogames.
Para Seth Fischer, importante investidor da Oasis Management de Hong Kong, que detém uma parte da Nintendo, o próximo passo é criar jogos para as plataformas móveis da Apple e do Google.
Mas Iwata afirma que a Nintendo não pretende produzir jogos para smartphones. "Os consumidores não ficariam satisfeitos se transferíssemos os jogos para celulares. Significaria uma depreciação do valor de nosso conteúdo", disse Iwata.