Folha de S. Paulo


Tipo de inteligência artificial, algoritmo define o que você vê na tela

Recomendar produtos interessantes, mostrar as notícias mais importantes, sugerir restaurantes, mostrar a nova foto do amigo. Todas essas ações rotineiras da internet alimentam um mesmo gigante: o chamado algoritmo.

Não é você, usuário, que decide o que vai enxergar na tela, mas sim esse tal algoritmo, uma sequência de comandos capaz de definir critérios de relevância para o serviço que você usa, seja ele um sistema de buscas ou a página de uma rede social.

Segundo o cientista da computação Luiz Camolesi Jr., da Faculdade de Tecnologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o algoritmo precisa traduzir a linguagem e o pensamento humano para a máquina.

"No caso de sites de compra, por exemplo, o algoritmo é feito para 'pensar' como um amigo real do usuário. Ele considera idade, perfil, hobby e gostos do cadastrado para sugerir uma compra."

Já se o exemplo for o Facebook, o comando tem como meta filtrar as 300 publicações mais importantes do dia, dentre as cerca de 1.500 disponíveis, em média, segundo dados da própria empresa.

QUASE HUMANO

É por isso que os algoritmos são considerados uma subárea da inteligência artificial, que trabalha para que os computadores consigam ter comportamentos similares aos dos humanos.

O professor Yann LeCun, do Center for Data Science da Universidade de Nova York, lidera um laboratório de inteligência artificial no Facebook. LeCun trabalha na pesquisa de um algoritmo de reconhecimento de padrões que imita parte do córtex visual dos humanos.

Esse titã feito de códigos, claro, não trabalha sozinho. Empresas como o Google, por exemplo, têm, além de engenheiros e programadores, equipes de classificadores que ajudam o algoritmo a entender a linguagem humana e as expressões dos usuários.

Quanto mais significados são adicionados ao banco de dados do sistema em que o algoritmo trabalha, mais complexo e sofisticado ele fica, se aproximando da ideia de inteligência artificial.

A cada ano, o Google realiza aproximadamente 500 refinamentos no código do sistema. O objetivo das melhorias é que a máquina faça conexões entre diversos temas de pesquisa e saiba exatamente o que você quer dizer quando faz uma busca.

Por exemplo, quando o internauta digita "paulistão", o Google deve saber que o tema em questão é o Campeonato Paulista de futebol.

Um exemplo da companhia para mostrar a evolução da ferramenta é uma falha ocorrida em 11 de setembro de 2001. Quando usuários pesquisavam por "torres gêmeas", os resultados não traziam notícias dos atentados.

Filipe Rocha/Editoria de Arte/Folhapress

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