Folha de S. Paulo


Criminosos infectam PCs para mineração de bitcoin

A supervalorização da moeda virtual bitcoin não está chamando a atenção apenas de investidores, economistas e entusiastas de tecnologia. Criminosos cibernéticos também foram atraídos, e redes de computadores infectados estão sendo utilizadas para faturar sobre esse "novo dinheiro".

Redes de PCs escravizados, conhecidas como "botnets", não são novidade. Há alguns anos, elas engolem milhares de máquinas. A Rustock, uma das maiores descobertas, era composta por 1,6 milhão de máquinas. O que está mudando, agora, é o objetivo delas.

O bitcoin passa por uma onda de popularidade. Em novembro último atingiu a cotação de US$ 1.000. Sua natureza explica por que ela pode ser um ótimo negócio para os criminosos.

O bitcoin é gerado quando um complexo código matemático é solucionado por computadores que emprestam seu processamento à rede Bitcoin. Agora, imagine poder usar o poder computacional de milhares de máquinas. É como se o PC infectado trabalhasse de graça para terceiros para gerar dinheiro.

Em dezembro último, uma ação conjunta que envolveu a Europol, o FBI e o Centro de Crimes Cibernéticos da Microsoft desativou a "botnet" conhecida como ZeroAccess, que, entre outras atividades, se dedicava à mineração da moeda virtual.

Foi a primeira vez que a unidade da Microsoft se deparou com uma rede envolvida nesse tipo de operação.

O vírus da família "Trojan.Win32.BitMin", uma das mais populares na mineração ilegal de bitcoins, teve aumento de 60% nas detecções em 2013, segundo a Kaspersky.

"Até no Brasil, onde 95% das pragas são do tipo que tenta roubar dados bancários, os criminosos estão interessados em bitcoins. Nós já encontramos pragas criadas no país que fazem mineração", diz Fábio Assolini, pesquisador da Kaspersky.

Durante quatro dias (entre os dias 31 de dezembro do ano passado e 3 de janeiro deste ano), 2 milhões de computadores na Europa podem ter se tornado mineradores escravos por conta de um malware presente nas páginas do Yahoo! servidas aos internautas do continente. A empresa reconheceu a falha, detectada pela empresa Light Cyber.

CUSTO ZERO

"O custo para minerar bitcoins com uma botnet é quase zero", afirma Richard Boscovich, conselheiro geral da Unidade de Crimes Digitais da Microsoft. Além disso, o criminoso deixa a conta de luz com as vítimas.

O processo para gerar bitcoins exige mais do computador, que acaba consumindo mais energia.

Entre os mineradores profissionais existe um mercado de máquinas que tentam equilibrar alto desempenho com baixo consumo de energia. Dependendo da equação –o que é gasto com uma máquina ligada o tempo todo e com a conta de energia– não vale a pena minerar.

"Por causa das botnets, mineradores honestos podem ter que sair da mineração por ela se tornar economicamente desvantajosa", diz Rodrigo Batista, executivo-chefe da corretora Mercado Bitcoin.

Editoria de Arte/Folhapress

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