Folha de S. Paulo


Milhares concluem jogo colaborativo de 'Pokémon'; criador lança nova campanha

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Última tela de “Pokémon Red” antes dos créditos, mostrando a conclusão do jogo
Últimas telas de "Pokémon Red" antes dos créditos, mostrando a conclusão do jogo

O que acontece quando milhares de pessoas jogam, durante 16 dias, simultaneamente, uma mesma campanha de "Pokémon Red", lançado em 1996 para Game Boy? Sim, elas terminaram o game, por mais improvável que isso possa parecer.

Nas últimas semanas, uma turma de internautas se tornou obcecada por um "experimento social" de um programador australiano. Curioso sobre se as pessoas poderiam trabalhar coletivamente em favor da vitória em um jogo –neste caso, controlando o destino de um mesmo personagem–, ele criou o Twitch Plays Pokémon.

Em seu computador pessoal, o australiano, que quis permanecer anônimo, emulou uma ROM do jogo "Pokémon Red" e passou a transmiti-la em tempo real no Twitch, site que reúne vídeos de games gravados ou ao vivo. Com um detalhe: um software criado por ele era responsável por analisar o bate-papo e executar comandos em inglês que lá eram digitados.

Por exemplo, se uma pessoa enviasse pelo chat uma mensagem apenas com a palavra "left", o personagem do jogo, chamado Red, iria para a esquerda. O mesmo ocorria com outros seis comandos. Para participar, bastava criar uma conta no Twitch.

"Eu estava esperando aproximadamente 300 espectadores on-line ao mesmo tempo, no máximo", confessou o criador do Twitch Plays Pokémon à Folha, por e-mail. "Foi surpreendente ver a transmissão ganhar tanta popularidade tão rapidamente." Em poucas horas, o contador de visualizações alcançou os milhares, chegando a ultrapassar, em 19 de fevereiro, a marca de 120 mil espectadores simultâneos.

Vídeo

Com tantas pessoas "apertando" tantos botões, ficava claro que elas tinham virado protagonistas de uma das experiências mais caóticas da história dos videogames. Para complicar ainda mais as coisas, os comandos demoravam aproximadamente 20 segundos para serem executados, o que forçava os jogadores a preverem em que posição Red estaria no futuro próximo.

Direita. Esquerda. A. Cima. B. Esquerda. Red parecia estar sempre desorientado, sem saber aonde ir ou o que fazer. Certos trechos do jogo, que poderiam ser vencidos em menos de 30 minutos por uma pessoa só, levaram mais de um dia para se tornarem águas passadas.

Essas dificuldades tornaram ainda mais surpreendente qualquer avanço que ocorresse. Treze dias depois do início da transmissão, em 12 de fevereiro, os jogadores haviam derrotado todos os oito líderes de ginásio, ressuscitado um fóssil de pokémon (que deu origem a uma religião) e capturado uma ave lendária chamada Zapdos.

Dali foram só mais três dias para que Red vencesse os últimos treinadores, os mais poderosos do jogo, e zerasse o game. Você ainda pode se perguntar como tantas pessoas juntas conseguiram terminar um jogo completo naquele caos. Se o Twitch Plays Pokémon tivesse uma bandeira, nela estaria escrito algo como "desordem, mas progresso".

Para o criador do experimento, o formato multijogador simultâneo foi bem-sucedido. Ele até lançou no domingo (2) uma segunda geração do Twitch Plays Pokémon. Desta vez, milhares estão jogando "Pokémon Crystal", lançado para Game Boy Color em 2000.

Resta saber se a nova geração de Twitch Plays Pokémon será tão popular quanto a antecessora.


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