Folha de S. Paulo


Nokia X pode manter a empresa viva no mercado; leia impressões

Gustau Nacarino/Reuters
Nokia revela seu Nokia X no Mobile World Congress, em Barcelona
Nokia revela seu Nokia X no Mobile World Congress, em Barcelona

Mesmo nas mãos da Microsoft, a Nokia percebeu que precisava estancar a sangria causada pelos Android nos segmentos mais baratos do mercado, território onde a gigante finlandesa ainda mantém relevância.

E decidiu combater fogo com fogo: aderiu ao Android. O resultado é a família Nokia X, lançada nesta semana no Mobile World Congress, em Barcelona. Pelas primeiras impressões, o telefone pode ajudar a Nokia a se manter viva no jogo.

A linha leva a um grupo mais modesto do mercado algumas características vistas em aparelhos mais caros. O Nokia XL, o maior da família, leva uma tela gigante (são 5 polegadas) para a faixa dos 109 euros –no Brasil, é possível que fique na faixa dos R$ 500.

Apesar de ser grande ao ponto de ser desconfortável de manusear, essa parece ser uma tendência desejada pelo consumidor comum. A um preço mais modesto, muitos consumidores podem ser atraídos.

A resolução de 800 pixels x 480 pixels, baixa para os padrões atuais, fica disfarçada na interface gráfica do aparelho, que lembra a do Windows Phone. Suas limitações devem aparecer em jogos mais sofisticados e na reprodução de sites no navegador.

O design colorido e parecido com o da linha Lumia também tem potencial para conquistar. A carcaça do aparelho, feita de plástico, deixa evidente que não se trata de um aparelho topo de linha. Mas fica uma impressão de ser melhor do que aquilo que os gigantes asiáticos, como Samsung e LG, conseguem em seus celulares mais caros.

Agora o que todos querem saber: não parece ser um dispositivo com Android. A interface de azulejinhos coloridos, com alguns apps com animação em tempo real, foi tirada de uma costela do Windows Phone. Os azulejinhos podem até até ser redimensionados.

A ausência de serviços do Google, como a loja de aplicativos, reforça a impressão de ser um outro sistema operacional. E é aqui que a Nokia se beneficia: o grande catálogo de apps do Android, representados por ícones estáticos, está lá.

Além disso, há apenas mais duas características do sistema do Google: a capacidade de criar pastas de aplicativos e a de acrescentar Widgets na tela, entre os azulejinhos.

Ao ficar praticamente sozinha com o Windows Phone, a Nokia conseguiu criar uma identidade única, mas sofreu com algumas limitações da plataforma. Solução: importe apenas o que falta do Android. Se der certo, pode ser uma benção e uma maldição para a Microsoft. Ela ganhará mercado, mas verá seu sistema operacional na lama.

A performance do aparelho nos pequenos testes da reportagem não é das melhores: os apps demoram um pouquinho para abrir, as transições de tela são mais lentas e até jogar o app dentro da pasta tem um certo engasgo. Mas lembre-se: estamos tratando de um aparelho popular. Para muitos deverá servir.

O jornalista Bruno Romani viajou a convite da Nokia


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