Folha de S. Paulo


Blackphone negocia com operadoras para trazer celular 'anti-NSA' ao Brasil

Na esteira das denúncias de espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) e da crescente preocupação com privacidade, as empresas Silent Circle e Geeksphone criaram o Blackphone, um celular que promete blindar dados pessoais contra bisbilhoteiros.

À Folha, as companhias disseram estar em negociações com a Claro e com a Vivo para disponibilizar o aparelho no Brasil.

"Queremos muito levar o Blackphone ao Brasil, é um mercado gigante e acreditamos que há demanda. Mas não há nada decidido ainda", disse Victor Hyder, executivo da Silent Circle, que fez uma demonstração do telefone.

O conceito do Blackphone surgiu da união entre a Silent Circle, companhia americana responsável por aplicativos de ligações e trocas de mensagem e arquivos protegidos por criptografia (que estarão pré-instalados no aparelho), e da Geeksphone, start-up espanhola que já desenvolveu alguns celulares de entrada com o sistema do Google.

Divulgação
Blackphone, desenvolvido pela Silent Circle e Geeksphone, promete blindar comunicação contra espionagem
Blackphone, desenvolvido pela Silent Circle e Geeksphone, promete blindar comunicação contra espionagem

O telefone tem uma tela de 4,7 polegadas, processador de núcleo quádruplo de 2 GHz, 16 Gbytes de armazenamento e câmera de 8 Mpixels. O sistema é o PrivatOS, uma modificação do Android.

"Queremos que o usuário pense antes de doar seus dados em troca de serviços e aplicativos gratuitos", diz Victor Hyder, chefe de operações da Silent Circle. "Queremos que ele seja capaz de conhecer e gerenciar todas as permissões de segurança que dá ao instalar um programa", completa o executivo.

O PrivateOS terá ferramentas para que o usuário aceita uma a uma as notificações de segurança, em vez de aceitá-las todas de uma vez, numa lista, como é feito no iOS ou Android.

Alguns aplicativos podem não funcionar se um ou mais itens forem negados, mas a escolha final será do usuário.

"Quem comprar o Blackphone ainda vai poder instalar aplicativos que recolhem informações pessoais, porém isso vai ficar mais claro com o nosso telefone, vamos alertá-lo sobre o que está acontecendo dentro do aparelho", diz Hyder.

NADA GARANTIDO

Não é tão fácil quando parece: não basta ligar o aparelho para ficar fora do radar da NSA ou protegido permanentemente de espiões ou hackers.

"Não existe telefone 100% seguro. Se você tem um telefone ele estará sempre vulnerável à hackers. A diferença é que a maioria das brechas de segurança são dadas pelo próprio usuário, e o Blackphone, com o PrivateOS, vai dar as ferramentas para que o usuário não dê essas brechas sem perceber", explica Hyder.

"Além disso, vamos embarcar aplicativos no telefone que criptografam os dados, para que eles não sejam legíveis mesmo se forem interceptados", completa.

O Blackphone já está disponível para pré-venda internacional por US$ 629 (cerca de R$ 1465). O aparelho deve começar a ser entregue em junho.

O repórter ALEXANDRE ORRICO viajou a convite da Samsung


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