Folha de S. Paulo


Criadores do Tubby dizem que lançamento do app será adiado em 48 horas

O lançamento do Tubby, aplicativo no qual homens poderão avaliar mulheres com as quais já tiveram algum envolvimento, foi adiado em 48 horas, anunciaram nesta quarta-feira seus desenvolvedores.

Com o slogan "sua vez de descobrir se ela é boa de cama", o aplicativo estava marcado para ser lançado hoje nas lojas Google Play e App Store.

Durante a madrugada, a equipe do Tubby publicou em seu perfil no Facebook uma mensagem anunciando o adiamento do lançamento.

"Nosso sucesso foi enorme. Tivemos mais acessos que o esperado e muita divulgação. Isso significa que estamos investindo em uma estrutura de servidor que consiga atender a todos e finalizando nossa documentação legal", informaram.

Reprodução
Tubby, aplicativo de 'avaliação de mulheres'
Tubby, aplicativo de 'avaliação de mulheres'

O Tubby surgiu como uma suposta resposta hipersexualizada ao Lulu, serviço em que mulheres classificam o comportamento de homens.

A proximidade da data de lançamento do aplicativo gerou uma corrida para descadastramento de mulheres que não querem participar do serviço. Especialistas em TI, no entanto, alertam que isso pode ser mais "perigoso" ainda.

Como no Lulu, o Tubby atribui uma nota para cada perfil avaliado e também "hashtags" descrevendo suas características. No Tubby, os termos são mais ofensivos, como #curtetapas e #engoletudo.

Segundo orientação do próprio app, quem quiser remover o perfil (que ainda nem existe) precisa logar-se no site com o Facebook. Assim, ao sair, o usuário pode acabar, na verdade, por fornecer mais informações ainda: lista de amigos, e-mail, relacionamento, fotos etc. Tal funcionamento difere do da maioria dos aplicativos que se conectam ao Facebook, afinal, o pedido de acesso aos dados do usuário costuma ocorrer quando ele baixa o conteúdo, e não cancela um acesso.

"Como se descadastrar de um serviço que ainda nem foi lançado? Não existe nenhuma prova que o aplicativo existe", diz Gus Fune, fundador e programador da Epic Awesome, produtora digital que desenvolve sites e aplicativos. "Pode ser apenas uma fachada para coleta de informações", completa.

"Quando você executar esse procedimento de remoção tenha consciência que seus dados podem estar sendo minerados --em outras palavras, copiados pela equipe do Tubby para uso futuro", diz o programador Fernando Aquino.

Gus Fune alerta para outro fato. "O Tubby também não tem termos de uso disponível para consulta no site, o que é obrigatório para qualquer aplicativo que use dados do Facebook."

O tempo reduzido de desenvolvimento também chamou a atenção. "Muito, muito estranho que um aplicativo como este seja desenvolvido e lançado em uma semana", diz Fune. "O desenvolvimento de um app deste naipe costuma levar muito mais tempo."

Por Facebook, a equipe do Tubby respondeu à Folha que não estão interessados em coletar dados para serem usados fora do aplicativo. "A ideia é ter o banco de dados do proprio programa, assim como o Whatsapp, o Skype, o Tinder e o Lulu possuem".

Sobre os termos de uso do site, os desenvolvedores disseram que "vão disponibilizar em breve".

PROTEJA-SE

Já clicou em "quero me descadastrar"? Tudo bem, dá para revogar o acesso do aplicativo --e, de quebra, ainda impedir que programas futuros tenham o mesmo tipo de acesso.

No Facebook, acesse a aba "Configurações de privacidade" e depois clique em "Aplicativos". Há duas coisas para fazer aqui: a primeira é, na parte "Aplicativos que você usa", clicar no "X" ao lado do nome do Tubby e depois clicar em "Remover", para que o programa deixe de ter acesso aos seus dados.

Depois, na parte "Aplicativos usados por outras pessoas", clique em editar e desmarque todas as opções (ou as que você julgar mais sensíveis). Isso vai impedir que apps utilizem suas informações pessoais.

Com ALEXANDRE ORRICO


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